Os ventos característicos da região do Planalto podem se tornar uma nova fonte de renda. O famoso Minuano pode ser a alternativa para a produção de energia elétrica na região. Um consórcio de empresas já possui uma antena de medições instalada na região. Além disso, um projeto apresentado pelo Parque Científico e Tecnológico do Planalto Médio ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) pretende criar um novo centro de estudos. Ainda não existe nenhum projeto para instalação de uma usina de energia eólica na região. No entanto os estudos realizados na área servirão para confirmar ou não essa potencialidade e atrair novos investimentos caso se confirmem.
Força do vento e inclusão social
A proposta encaminhada pelo Parque Científico e Tecnológico do Planalto Médio ao MCT tem dois objetivos. O primeiro é criar um centro de estudos para analisar o potencial eólico da região. O segundo é capacitar pessoas em situação de vulnerabilidade para que atuem como agentes para disseminar e implementar a discussão sobre energias renováveis na região.
O professor da UPF, Alexandre Zanatta, é um dos responsáveis pelo projeto. Ele explica que a iniciativa de instalação do Centro de Energia Eólica é uma parceria entre a UPF, Prefeitura de Passo Fundo e Acisa. “Essa nova opção vai se basear inicialmente no estudo da capacidade que a região tem de transformar os ventos em energia. Uma vez comprovado vamos ter um trabalho, num futuro próximo, de colocação de turbinas eólicas e paralelamente a isso garantir a inclusão social”, reforça Zanatta. Para ser realizado, o estudo depende ainda da aprovação do MCT. A proposta contempla a compra de equipamentos – que incluem duas torres de 100 metros de altura -, instalação do centro e capacitação das pessoas. O investimento necessário é de cerca de R$ 650 mil.
Minuano
Zanatta esclarece que Passo Fundo está localizado numa região que, segundo simulações do governo do estado, tem potencial para produção de energia eólica devido aos ventos constantes. “Os estudos realizados até o momento são baseados em simulações e não constatação física”, acrescenta. Uma das torres seria instalada no Campus da UPF em Passo Fundo e outra em Soledade. Uma vez instaladas as torres e mapeado o vento vamos analisar. A partir daí se verifica se podem ou não ser instaladas as torres de geração de energia”, observa. Esses investimentos podem tanto ser feitos pela iniciativa privada como pelo governo. A resposta do MCT sobre a liberação da verba para o estudo deverá ser anunciada até o final do ano.
Faltam nove meses
Uma parceria entre a empresa brasileira Forza Energias Alternativas e a alemã Innovent possibilitou a instalação de uma torre de medições no município de Ciríaco, próximo a divisa com Mato Castelhano. O diretor da Forza, Roberto Jardim, explica que a antena avaliará o potencial da região para a instalação de uma usina de energia eólica. “A torre de medição, instalada há 90 dias no município, só terá os dados analisados ao final de um ano”, esclarece. Entre os fatores avaliados pelo equipamento estão a velocidade e direção dos ventos, além de temperatura. Apesar de ter a torre de medição instalada na região, ainda não existe nenhum projeto para a instalação de uma usina. “Tudo se define após a realização do estudo”, pontua. Jardim explica ainda que as regiões a serem analisadas são definidas com base em um software que indica quais os locais com potencial de bons ventos. No entanto esse fator não é o único levado em consideração pela empresa. Até os dados serem compilados e a empresa chegar a uma definição deve demorar pelo menos nove meses.
Debaixo da terra
Não é só a energia dos ventos que é analisada na região. No início do ano, técnicos e engenheiros da empresa mineira Georadar estiveram na região para analisar a existência de petróleo em alguns municípios. O trabalho realizado pela empresa contratada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) se estendeu do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso do Sul e teve como foco a bacia do Rio Paraná. Os trabalhos na região foram nos municípios de Sertão e Ipiranga do Sul e durou cerca de 90 dias. A equipe seguiu em direção ao oeste de Santa Catarina ao encontro de uma segunda frente de trabalho que atuou no MS. O resultado dos estudos realizados é entregue para a agência contratadora, e até o momento não foram divulgados. Caso haja petróleo na região compete a ANP definir, ou não, a perfuração e exploração. Em caso positivo, a exemplo de outras regiões do país onde existe reserva de petróleo, o proprietário das terras recebe 1% sobre a produção do poço e o município 14%.