Avicultores paralisam fornecimento a Doux Frangosul

Produtores rurais devem entregar os lotes ainda abrigados e parar o recebimento de aves por 60 dias

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Leonardo Andreoli/ON

Produtores de frango da região realizam mobilização contra os atrasos de pagamento e de fornecimento de ração pela Doux Frangosul. A situação dos atrasos se arrasta há dois anos. Sem o cumprimento dos cronogramas de pagamento, os agricultores resolveram parar de abrigar novos lotes de aves. Amanhã, os produtores realizam uma nova reunião em Água Santa para discutir a situação e ampliar o número de participantes do protesto.

O presidente da Associação de Criadores de Frango de Passo Fundo (Avepenca), Luiz de Jesus, destaca que numa reunião realizada na última semana, pelo menos 40 produtores foram favoráveis a paralisação. Após a entrega dos lotes que ainda estão abrigados nos aviários da região, eles devem parar de receber as aves pelos próximos 60 dias, ou até que os cronogramas de pagamentos sejam colocados em dia.

“A empresa continua em atraso e os pagamentos que deveriam ter sido normalizados no início de dezembro continuam parados. Os produtores que entregaram lotes até 4 de outubro receberam. De lá pra cá, cerca de 90 dias, ninguém mais recebeu. A falta de ração é outro problema. Isso gera uma perda muito grande em mortalidade e também na conversão de frango e acaba influenciando na remuneração”, lembra Jesus.

Alguns produtores com quem a empresa não possuía dívidas já pararam de produzir, no entanto o maior problema é relacionado àqueles que ainda não receberam. “Na próxima quarta-feira teremos uma reunião em Água Santa, onde estarão reunidos o pessoal do município, além de Tapejara, Vila Lângaro e Santa Cecília. O assunto será a paralisação e um contrato que temos em andamento que temos que discutir algumas cláusulas”, antecipa.

Reunião com a empresa
Na tarde de ontem, integrantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo (STRPF) e da Avepenca realizaram uma reunião com representantes da empresa.  De acordo com o presidente do sindicato, Alberi Ceolin, no encontro nada foi definido. “Eles disseram para os agricultores tomarem uma decisão e assinar um contrato de expedição, dizendo que ficarão certo tempo sem alojar as aves. Mostraram tranquilidade, que não estão nem ai, o que deixa a gente mais indignado”, pontuou.  A empresa voltou a dizer que está empenhada em solucionar o problema. “Está difícil para o agricultor, principalmente o que vive só desta atividade”, completa Ceolin.

Origem do problema
Ceolin destacou ainda que a empresa alega que a origem do problema com os pagamentos está em perdas que tiveram ao longo dos anos em função do câmbio. “Agora alegam que estão subindo os preços da soja, do milho e consequentemente o preço da ração. Não é fácil para o agricultor também. Estamos financiando a sustentabilidade da empresa. Sem juros e sem capital”, finaliza. Os agricultores ainda não possuem negociação com outras empresas. A hipótese de entrarem com uma ação na justiça ainda não foi descartada pelas entidades.

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