Parasitas das raízes da soja, os nematoides ocorrem nos principais estados produtores, inclusive no Rio Grande do Sul. A presença deste parasita não é nova no Brasil, mas está crescendo nos últimos anos, o que consequentemente aumenta as perdas do produtor. Dados da Sociedade Brasileira de Nematologia mostram que as perdas causadas pelos nematoides no país variam, em média, de 5% a 35%, considerando-se os diferentes tipos de culturas.
“Ainda há produtores que não consideram que este seja um problema, e por isso, não fazem o manejo adequado. O que eles esquecem é que depois de instalado, não há mecanismos de controlar os nematóides na safra já plantada: só resta esperar e colher o que sobrar”, alerta o professor Jaime Maia dos Santos, professor de Nematologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Jaboticabal/SP.
Uma pesquisa encomendada pela Syngenta e realizada pelo Ipsos com produtores das regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil, aponta que as perdas em soja podem chegar a 15%. Os dados demonstram que as perdas são mais significativas no Sul. Por outro lado o estudo revela que os produtores da região são os menos preocupados com a incidência dos parasitas, 22% contra 44% do Centro-Oeste.
O manejo inclui práticas como a rotação de culturas e o tratamento de sementes. Uma vez que não há como conter o crescimento da população de nematoides depois que o problema já está instalado, é importante que o produtor inicie um planejamento gradual de controle preventivo ao notar os primeiros sinais da presença deste parasita. O primeiro passo é, após a colheita da safra de soja, escolher uma cultura não-hospedeira dos nematoides para plantar durante a safrinha, como variedades específicas de milho ou milheto. Com isso, já ocorre uma redução da população, que vai diminuir consideravelmente a infestação do solo no plantio da nova safra de soja, quando deve ser utilizada uma variedade menos suscetível, se disponível. Aliado a isto, é importante realizar o tratamento de sementes.
“O tratamento de sementes não é um gasto, mas sim um investimento que se paga com sobra, porque além dos nematoides controla também fungos de solo e outras pragas iniciais, e também confere mais vigor e ajuda no crescimento inicial da planta”, diz Maia. De acordo com a Embrapa Soja, o tratamento de sementes representa apenas 0,6% do investimento na produção da cultura da soja. Caso seja necessário fazer o replantio, o gasto é de 11,4% deste custo total.
Como evitar
- Rotação de cultura com plantas não hospedeiras, para evitar o patógeno
- Realizar práticas culturais específicas
- Destruir restos de culturas pela raiz
- Implantar culturas antagônicas
- Observar época de plantio
- Utilizar variedades resistentes
- Realizar controle químico, controle físico e controle biológico
Mapa
A Syngenta disponibiliza no site www.avictacompleto.com.br dados atualizados da incidência de nematóides nos principais estados produtores do país. O mapa indica que a incidência dos parasitas entre 50% e 75% das lavouras comerciais da região de Passo Fundo.
O que são nematóides
Nematóides são pragas de origem animal. Os nematóides têm a aparência de vermes, mas só são visíveis por meio de microscópio. O efeito mais devastador que eles causam é a interrupção da circulação dos nutrientes reduzindo o vigor da planta e consequente redução da rentabilidade do produtor. Presentes na raiz da planta, eles são de difícil diagnóstico porque não deixam sinais aparentes e só são identificados por meio de análise de solo.
Perda de produtividade
Soja Milhão Verão Milho Safrinha
Centro-oeste 9% 6% 9%
Sul 15% 18% 16%