A cachaça Princesa do Arroio é produzida desde 1930 com o mesmo padrão de qualidade. Nos últimos anos a marca ganhou uma identidade visual assistida pelo SEBRAE e ampliou a linha de produtos derivados da cana. Esta é apenas uma das tantas histórias de produtos familiares que viraram fonte de renda devido as suas peculiaridades regionais. Muitos deles estão expostos no Pavilhão da Agroindústria Familiar da Expodireto Cotrijal.
Na manhã de ontem, um seminário discutiu o tema e os desafios para o setor. O diretor técnico da Emater, Gervásio Paulus, um dos responsáveis pela atividade explica que a agroindústria tem um papel importante no Estado por dinamizar a economia local e regional. “Ela transforma produtos da diversidade regional, agrega valor, gera empregos e guarda uma relação entre o rural e o urbano, porque há uma identificação com a agroindústria de base familiar. As pessoas passam a se lembrar dos produtos que seus pais e avós produziam”, opina. Paulus considera ainda que muitas vezes com a falta de produtos agroindustriais as pessoas optam por outros que são padronizados e com alta dose de conservantes químicos.
Selo Sabor Gaúcho
A recém criada Secretaria do Desenvolvimento Rural criou um departamento de agroindústria para qualificar e estimular a agricultura gaúcha. Além disso, a retomada do selo Sabor Gaúcho visa valorizar os produtos com qualidade que são produzidos por este tipo de indústria. “É como uma estampa de apresentação. Existem produtos que são famosos internacionalmente. Os produtos que a agroindústria do Rio Grande do Sul produz também têm esse potencial. Se pensarmos os queijos produzidos na região dos Campos de Cima da Serra, os vinhos da região serrana, isso nos permite avançar inclusive para além de um selo genérico e pensar em identidades regionais”, prevê. As características individuais de cada região servem de alavancas para a identificação e sucesso dos produtos.
Na feira
A agroindústria familiar deixou de ser uma alternativa de renda para se transformar num setor de sucesso. A participação de dezenas de empresas do tipo na Expodireto Cotrijal é um reflexo disso. “Ela representa uma oportunidade de divulgação do produto e de agregação de renda, mas mais do que isso representa a oportunidade de dinamizar a economia. Ao mesmo tempo, eu entendo que significa um aprendizado, porque a viabilização da produção vai além da propriedade. É necessário vender e isso envolve uma arte, um ofício que tem que ser desenvolvido”, observa.
Princesa do Arroio
A cachaça Princesa do Arroio citada no início do texto é produzida em Selbach desde 1930. Os cinco hectares de terra utilizados para o canavial são suficientes para uma produção anual de 20 mil litros de cachaça, além de outros derivados, como o melado. No estande, Anita Possamai conta que a alteração do processo de produção foi apenas com a aquisição de uma caldeira que garantiu a melhora do produto. A cachaça normal é fabricada e a partir dela produtos diferenciados envelhecidos em barris de carvalho, e licores de canela e caramelo e de limão. Nos últimos anos a produção de grapa também foi iniciada na propriedade. Ela e o marido Gilberto Possamai se esforçam para garantir que o produto mantenha a qualidade. “Os clientes sempre voltam. Para elogiar ou comprar mais eles voltam”, garante. A venda é praticamente toda feita diretamente aos consumidores.