Falta de políticas prejudica agronegócio brasileiro

Senadora Ana Amélia Lemos criticou a falta de políticas públicas de longo prazo voltadas ao aproveitamento da capacidade agrícola brasileira

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A agricultura brasileira enfrenta um dilema. Enquanto os produtores rurais aperfeiçoam as técnicas utilizadas na lavoura, a falta de políticas públicas prejudica a comercialização e a remuneração. Durante o 22º Fórum Nacional da Soja, a senadora Ana Amélia Lemos criticou problemas em logística e preços dos produtos brasileiros, bem como as cargas tributárias incidentes sobre eles.

A senadora enfatizou o fato de o Brasil não possuir uma visão de longo prazo e uma política agrícola sustentável. “O que temos no Brasil? Agora em maio ou junho o governo deve anunciar o Plano Safra 2011-2012. Isso é suficiente? Não. É preciso que o agricultor avance substancialmente com a agricultura de precisão chegando aos níveis dos EUA em produtividade do milho e quase com a mesma produtividade de soja, como aconteceu na região de abrangência da Cotrijal”, explica. Para ela, os agricultores da região cumpriram a função utilizando informação, tecnologia e coragem, no entanto não tem o reconhecimento merecido por parte do governo.

Perda da produção

Apenas nas estradas a perda de produção chega a duas sacas por caminhão. “Não é culpa do agricultor. Estamos com máquinas que têm precisão incrível com GPS, cálculo para distribuir sementes, adubo, e o caminhão de transporte vai espalhando soja até chegar ao porto. O governo não cuida disso, ou é o caminhão que não tem a qualidade necessária para evitar essa perda, ou é o buraco na estrada”, critica.

Segundo ela os problemas em logística do Brasil são um empecilho para o desenvolvimento. “Temos o impasse de não permitir determinada obra que garanta acesso e a facilitação de uma logística mais barata colocada a disposição dos produtores, que são competitivos, comparados aos EUA, por exemplo, mas quando chega na área da logística a competitividade cai”, compara.

Renda

A renda de pequenos e médios produtores é outro ponto de destaque. A senadora acrescenta que não adianta o produtor ter crédito se ele não conseguir renda para cumprir com esses compromissos. “Temos uma assimetria que faz com que os nossos custos de produção sejam maiores por carga tributária, custo, financeiro, falta de logística e apoio”, justifica. A situação de médios produtores é ainda pior. “Aquele que tem até 300 hectares não tem nem financiamento, porque as vezes o patrimônio está comprometido e não tem recurso próprio para financiar a sua lavoura. São esses dilemas que precisam ser encarados pela política”, reitera.

Código Florestal

O novo Código Florestal Brasileiro também marcou presença na explanação da senadora. Ana Amélia enfatizou que está no cargo para chamar a atenção para a urgência da votação desta lei.  “Solicitei através de um requerimento à presidente que se faça junto um debate entre a Comissão de Meio Ambiente do senado com a comissão de Agricultura. Se não tiver um entendimento mínimo em relação a essa matéria haverá de novo dificuldade política para examinar uma questão tão relevante e urgente como a nossa”, afirma.

A senadora também elogiou o compromisso do deputado autor da proposta, Aldo Rebelo. “Por acompanhar a trajetória do deputado e o compromisso dele com os interesses nacionais, tudo que ele propuser eu vou apoiar. Ele é um parlamentar diferenciado pela coragem e obstinação. Ele sabe o que está fazendo e eu confio no trabalho dele”, pontua. Para ela, Rebelo é a maior autoridade em Código Florestal.

Dados da senadora

A safra de grãos de 2011 será 50% maior em relação a do último ano. Estimativa apresentada pelo MAPA no ano passado apontava uma expectativa para safra de 100 milhões de toneladas. Hoje esse montante deve chegar a 154 milhões.

O uso de plantio direto, agricultura de precisão e biotecnologia possibilitou um aumento na produção de alimentos sem a necessidade de se aumentar as áreas agricultáveis. Depois da implantação do plantio direto a terra e a natureza reagem positivamente na recuperação da biodiversidade.

 

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