Agricultura não é o monstro do desmatamento

Sistema de integração entre agricultura, pecuária e floresta é sustentável e rentável para o produtor rural

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Leonardo Andreoli/ON

O 4º Fórum Florestal do Rio Grande do Sul apresentou na manhã de ontem o sistema agrosilvipastoril como uma alternativa viável para as propriedades. A iniciativa contribui para diminuir a emissão de carbono da agricultura, garantindo produção e lucratividade aos agricultores. Durante o evento também foi apresentado o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC).

O palestrante, Moacir José Medrado, explicou que o ABC foi criado para responder as pressões recebidas pela agricultura, principalmente da área urbana. No entanto ele foi enfático na apresentação de dados que comprovam que o agronegócio brasileiro não é tão agressivo ao meio ambiente. Além disso, salientou que no futuro a adoção de novas legislações fará do país um dos mais responsáveis com questões ambientais.

Agricultura será exemplo


Medrado defende que os avanços da agricultura brasileira tornarão ela um exemplo para o mundo. Segundo ele o Brasil tem um comportamento maduro e responsável maior do que outros países. A falta de um sistema sustentável na agricultura causaria prejuízos enormes para o Brasil. Dados apontam que sem esses métodos preservacionistas, em 2070 a produção de soja cairia em 40% no país.

“Estamos fazendo esforço para diminuir desmatamento, brigando no Código para recuperar áreas degradadas e margens de rio. Temos muitos cuidados que outros países não têm. Na área de metano o Brasil tem de fazer muitas coisas. Hoje temos mais boi do que gente no Brasil”, compara. Hoje os rebanhos bovinos, que emitem metano decorrente do sistema digestivo, chegam a 185 milhões de cabeças. Ele sugere também a recuperação de áreas degradadas e a utilização de pastagens de qualidade para diminuir a emissão do país.

Sistema integrado

Ele explica que a utilização de sistema de integração entre lavoura, pecuária e floresta é uma alternativa sustentável que garante renda aos produtores. No entanto, ele alerta para que projetos nesse sentido sejam desenvolvidos conforme a necessidade de cada propriedade. Espaçamentos entre linhas e disposição das mesmas devem ser pensados conforme a área de modo a proteger a terra da erosão. “O sistema é responsável por ganhos em produção de carne e leite. O gado não precisa usar energia do corpo para controlar a temperatura que, neste caso, é feita pelo uso da sombra no calor e pela proteção contra o frio no inverno”, exemplifica.

Preconceito

Medrado aponta que 25% do PIB do Brasil é formado pelo agronegócio. “A face econômica é clara. O Código Florestal dará mais credibilidade ao agronegócio”, reitera. Ele destacou também o preconceito que existe em relação a agricultura e a pecuária. “Não vemos a força dela na exportação ou balança comercial. Quem sustenta a pecuária pra muita gente é o desmatamento, degradação de área, produção de metano, trabalho escravo, desperdício de farra do boi. Temos que mostrar e organizar o setor para mostrar o valor que a pecuária tem. Tem seus defeitos como todas as áreas têm, mas buscamos tornar mais sustentável”, pontua.

Pinus e eucalipto

Florestas de pinus e eucalipto são alvo de fortes críticas de ambientalistas. Medrado defende que essa pressão seja voltada ao governo para estimular pesquisas para uso de espécies nativas em florestas comerciais. Durante a explanação ele mostrou que as áreas de pinus e eucalipto chegam a 6.310.450 hectares, contra 472.050 de florestas comerciais com plantas nativas. ”Não há uma demanda forte para espécies nativas do Brasil. É preciso direcionar um pouco dessa raiva do setor florestal no sentido de aumentarem investimentos em pesquisas e para uso de espécies brasileiras”, sugere. O Brasil tem espaço suficiente para cobrir dois milhões de hectares com silvicultura em 10 anos.

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