Ao contrário do que ocorreu entre as décadas de 60 a 80, quando mais de 30% da população rural gaúcha migrou para a cidade, o cenário atual é favorável à permanência das famílias no campo e, em especial, dos jovens. A constatação dos participantes do 4º Encontro Regional da Juventude Rural do Alto Jacuí e 3º Encontro Municipal de Jovens Rurais de Quinze de Novembro, realizados no sábado (13/08), em Quinze de Novembro, se baseia num fato. “A agricultura é a única fábrica de comida que existe”, disse o coordenador regional de jovens do Alto Jacuí, Rodrigo de Bona. “Acredito que o movimento sindical não vai acabar, quando vejo jovens como estes”, disse a coordenadora estadual de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Inque Schneider.
Para a coordenadora da área de bem-estar social da Emater da Região de Ijuí, Silvana Canova, a construção de soluções para um cenário favorável no campo passa pelo comprometimento e parceria entre instituições, como Emater/RS-Ascar, sindicatos, cooperativas e prefeituras. “Nós nos comprometemos com o trabalho de fortalecer a agricultura familiar”, disse Silvana. “Se os jovens não se voltarem para a ação política, vão ficar fora do processo de decisão e a vida inteira reclamando do preço do leite, da falta de estradas”, instigou o prefeito de Quinze de Novembro, município de 3.653 habitantes e 706 estabelecimentos gerenciados por agricultores familiares, Clair Tomé Kuhn. Segundo o prefeito, é através da ação política que os jovens conquistarão políticas públicas favoráveis à permanência no meio rural. “Peço que vocês defendam, com unhas e dentes, suas propriedades e tenham orgulho dos seus pais”, concluiu Kuhn.