Aproximadamente 50 famílias de índios Caingangues estão montando acampamento em uma área de risco às margens da BR 285, no município de Tijuco Preto. O grupo iniciou a construção dos barracos na sexta-feira, sobre uma faixa de domínio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), no quilômetro 266. No local existe uma curva bastante acentuada, a qual, no entendimento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), aumenta consideravelmente os riscos de acidente naquele trecho.
Na segunda-feira, o chefe do posto da 8ª Delegacia da PRF de Passo Fundo, Rodrigo Calegari entregou uma notificação aos indígenas estabelecendo um prazo de cinco dias para deixaram o local. “O prazo expira na sexta-feira, se não cumprirem, a questão será resolvida via judicial” explicou. Segundo o patrulheiro, o trecho oferece riscos aos índios em razão da curva e devido ao alto fluxo de veículos na rodovia. A PRF já fez contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai), e também com o DNIT informando sobre a situação.
O grupo é o mesmo que estava acampando no KM 270 da rodovia, distante quatro quilômetros do atual. A mudança, segundo o jovem Jonas Jacinto, 25 anos, ocorreu porque eles querem ficar mais próximo da área, de aproximadamente sete mil hectares, que passa por estudos e pode ser demarcada como território indígena.
Para ele, o risco de acidente no novo local é menor em relação ao anterior. “Lá era uma reta, os carros passavam correndo muito. Aqui tem a curva, então eles reduzem a velocidade, não é tão perigoso” comenta. O pai, Danilo Jacinto, 42 anos, compartilha da mesma opinião e lembra de uma criança do grupo que morreu atropelada há cerca de quatro anos, no antigo acampamento. “ Perigoso é, mas não tem outro jeito. Vamos ficar até resolver a questão da terra. Estamos de olho nas crianças, elas não podem ficar perto da faixa” comenta. Além dos barracos que estão sendo erguidos na curva, algumas famílias preferiram se instalar um pouco mais adiante da rodovia.
As famílias são formadas por índios vindos de diferentes reservas como Guarita, Nonoai e Ligeiro e estão há pelo menos sete anos aguardando a demarcação. Eles são dissidentes do grupo maior (com cerca de 90 famílias), acampado às margens da mesma rodovia, em Mato Castelhano.
Na tentativa de remover os índios daquele local, o DNIT ingressou com uma ação, alegando que eles provocavam transtornos ao trânsito e colocavam suas vidas e a dos motoristas em risco. O caso foi julgado em agosto deste ano, pela 4ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª região, que permitiu a permanência dos indígenas no local.