Clima é de cautela entre agricultores da região

O anuncio de suspensão da demarcação de terras indígenas foi feita pelo governo federal na terça-feira

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Agricultores da região de Mato Castelhano receberam com cautela a decisão do governo federal de suspender temporariamente a demarcações de áreas indígenas  no Rio Grande do Sul. Eles reconheceram que o anúncio confirmado terça-feira,  por deputados da bancada ruralista foi um passo importante, mas ressaltaram que   questão ainda  permanece em aberto. Morador da localidade de Tijuco Preto, no município de Mato Castelhano, o casal Carlos Antônio Kurtz Xavier, 65, e Maria de Lurdes Xavier, 55, perderiam 148 dos 150 hectares da propriedade caso o processo de demarcação seja concluído. Além disso, a família está quitando dívidas através de financiamentos para aquisição de maquinário.

“A área da lavoura seria toda incluída. Só escaparia um pedaço onde está a casa, porque fica no outro lado da rodovia” afirma Maria. Segundo ela, a terra tem escritura registrada em 1913 e pertencia aos avós de seu marido. “Aos poucos fomos comprando pequenos lotes do meu sogro” conta. A agricultora diz que o fato de a suspensão ter sido temporária foi importante, mas reconhece a possibilidade de uma mudança a qualquer momento. “Foi um avanço, mas quem garante que eles não podem retomar as demarcações. Ainda não dá para deitar a cabeça no travesseiro e dormir sossegado” comenta.

Presidente da Associação dos Agricultores de Mato Castelhano, Juliano Manfroi divide a mesma opinião e enfatiza que o problema não foi solucionado. “Trouxe um pouco de alívio, sem dúvida, mas sabemos que é temporário, queremos uma solução definitiva” disse. Manfroi cobrou o cumprimento do artigo 231 da Constituição o qual reconhece como terra indígena o território tradicionalmente habitado por ele. “Não é o caso de Mato Castelhano. Esses índios chegaram aqui em 2005. Nossas mobilizações a pressão dos deputados têm dado efeito. Vamos continuar mobilizados” garantiu.

Área

As demarcações que vinham sendo realizadas pela Funai atingem cerca de 30 mil famílias de pequenos produtores rurais distribuídos em 10 mil hectares. Na região norte do Rio Grande do Sul, as áreas estão em Mato Preto (incluindo os municípios de Getúlio Vargas, Erebango e Erechim), Forquilha, Rio dos Índios e Mato Castelhano. O processo foi suspenso para que outros pareceres formulados pelos ministérios da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e Embrapa sejam concluídos.    A reportagem entrou em contato com Funai mas não obteve retorno.

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