Índios bloqueiam BR 285 e agricultor é agredido

Um agricultor que tentou passar por uma estrada secundária, no início do protesto, teve o veículo danificado e acabou sendo agredido.

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Uma semana após o anúncio feito pelo  Governo Federal  de suspender temporariamente as demarcações de terras indígenas no Rio Grande do Sul,  os índios decidiram retomar os protestos. Nesta segunda-feira, eles bloquearam pelo menos quatro rodovias no Estado. Na região norte, fecharam a BR 285, no quilômetro 272, em Mato Castelhano. Um agricultor que tentou passar por uma estrada secundária, no início do protesto, teve o veículo danificado e acabou sendo agredido.

Utilizando troncos de árvores, pedaços de madeira, cadeiras e faixas, as cerca de 50 famílias acampadas há nove anos, às margens da rodovia, bloquearam por volta das 8 horas, o acesso entre os municípios de Passo Fundo e Lagoa Vermelha. Segundo a Polícia Rodoviária Federal a fila de veículos em ambos os sentidos atingiu até 1,5 quilômetros. O trânsito era liberado a cada 30 minutos.

“Estamos reivindicando nossos direitos. Os laudos realizados pela Funai já comprovaram que essas terras pertenciam aos nossos antepassados. Queremos que a lei seja cumprida. Vamos acompanhar as negociações. Se não houver uma decisão de retomada das demarcações, os protestos serão em todo o Brasil” disse Adalmor Franciso, representante do cacique Jonas Inácio. Os índios reivindicam aproximadamente 3,5 mil hectares somente no município de Mato Castelhano.

Confronto
O protesto iniciou tenso em Mato Castelhano. O agricultor Raul Kurtz Xavier, 63 anos, teve a caminhonete Ranger danificada e acabou agredido ao tentar passar por uma estrada secundária.Ele havia saído de casa por volta das 8h20min, para ir até uma cooperativa, distante cerca de 1,5 quilômetros.

Xavier disse que, ao perceber a movimentação na rodovia, desviou pela estrada de chão, mas foi bloqueado por um grupo de índios. “Quando fui passar, um rapaz disse que não podia. Em seguida, bateram no para-brisa. Fui atingindo pelos estilhaços dos vidros e fiquei um pouco tonto. Rodei mais uns 200 metros e desembarquei em frente a uma oficina para pedir ajuda. Nesse momento, eles correram e me cercaram. Levei uma paulada na cabeça e caí. Também colocaram um facão em meu pescoço e me ameaçaram” contou. Após receber os primeiros socorros no posto médico de Mato Castelhano, o agricultor foi encaminhado ao Hospital da Cidade, em Passo Fundo, onde passou por exames de tomografia e raio x. Ele permanecia internado em observação. Xavier é proprietário de uma área de aproximadamente 180 hectares em Mato Castelhano. Pelo menos 150 deles estariam dentro da área reivindicada pelos índios. O caso foi registrado na delegacia da Polícia Federal de Passo Fundo, responsável pelas investigações.

Sobre a agressão, os índios contaram outra versão. Três jovens contaram que caminhavam em direção à rodovia para participarem do protesto, quando o agricultor teria parado a caminhonete e feito provocações. “Ele disse – quem vocês pensam que são -. Respondemos que estamos correndo atrás dos nossos direitos, mas ele veio para cima da gente com o carro. Depois desceu. Colocamos ele novamente no carro, mas ele saiu e continuou provocando, aí aconteceu a agressão a socos, não usamos pedaços de pau” disse um dos integrantes do grupo, de 21 anos.

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