Dois assaltos na mesma semana e com as mesmas características, colocaram em alerta as comunidades de Mato Catelhano. No mais recente deles, ocorrido na sexta-feira, sete pessoas foram amarradas e trancadas dentro do quarto de uma residência, na localidade de Campina dos Novelos, às margens da BR 285.
Os assaltantes chegaram à propriedade tripulando um Versailes azul, com placas de Passo Fundo. Na fuga, levaram vários objetos e a caminhonete Hilux de uma das vítimas. Acionada, a Brigada Militar iniciou a perseguição e conseguiu prender um homem de 25 anos, e um adolescente de 17, que conduziam os dois veículos. O menor revelou aos PMs que as mercadorias estavam na casa de seu irmão, na rua Rodrigues Alves, bairro Petrópolis. Uma guarnição foi até o endereço e confirmou a informação. Outras três pessoas acabaram presas no local. Um dos envolvidos no roubo continua sendo procurado.
Em entrevista ontem à tarde, o casal, que pediu para não ser identificado, relatou o drama de ter ficado por quase duas horas em poder dos assaltantes.
ON – Quando eles chegaram estava apenas a senhora e o filho em casa?
Mulher – Sim eu cheguei do trabalho com meu filho por volta das 17h15min. Uma meia hora depois, o carro entrou aqui. Um homem armado desceu perguntando pelo meu marido, falando o nome dele. Disse que não estava, então ele apontou a arma e falou que era uma assalto. Me levou para dentro de casa. Fiquei sentada numa cadeira ao lado do sofá onde estava meu filho, de oito anos.
ON – Ele estava encapuzado?
Mulher – Esse primeiro não, outros dois sim. Um ficou na porta vigiando, logo depois chegou meu marido acompanhado de um casal. Os três foram rendidos também. Acho que estavam em cinco, não sei ao certo.
ON – Eles estavam em busca de arma e dinheiro?
Homem – O homem é empresário e veio fazer um orçamento para a construção de um galpão. Eles apontaram as armas e levaram a gente para dentro da casa. Ficamos os três sentados de frente para a parede. Sim, pediam pelas armas e dinheiro. A única arma que tinha era uma espingarda velha e enferrujada. Reviraram toda a casa.
ON- Como foi a reação deles quando chegaram as outras duas vítimas?
Homem – Pensaram que era a Brigada Militar, mas expliquei que eram funcionários da Coprel. Vieram ver a situação de um poste na minha propriedade. Quando desembarcaram do veículo foram surpreendidos e trazidos para dentro da casa. Mandaram os dois deitar no chão da sala.
ON - Houve agressão?
Homem – Não agrediram ninguém. Chegaram a dar água para minha esposa e para o meu filho. Pegaram rolos de fitas e amarraram nossos pés. Também utilizaram fita de palha usada para fazer chapéu. Enquanto isso, subiram no forro da casa e entraram no porão. Retiraram os alimentos do freezer. Para não deixar impressões digitais, dispararam o extintor de incêndio contra o freezer e nos carros. Também roubaram os pertences de todas as vítimas.
ON – E o que fizeram antes da fuga?
Homem – Levaram todos nós para o quarto, jogaram a gente sobre a cama. Trancaram a porta do quarto e da casa. Ficamos lá por cerca de 15 minutos. Quando os cachorros pararam de latir, usamos uma cadeira para arrombar a porta. Eles tinham levado vários objetos, além da caminhonete do empresário.
ON – Como conseguiram acionar a BM ?
Homem – Através do rádio da caminhonete da Coprel. Os policiais foram muito rápidos. Recuperaram o veículo e também os objetos.
ON – Já ocorreram outros assaltos semelhantes, a comunidade esta assustada?
Homem – Moro toda a vida aqui, nunca tinha passado por uma situação como esta. Ver meu filho amarrado, chorando e não poder fazer nada, é muito triste. Na segunda-feira, tinham assaltado a propriedade do vizinho. Foi de tarde, chegaram em dois, renderam e amarraram ele dentro do galpão. Fica aqui do lado. Também houve arrombamento numa casa em Tijuco Preto e o assalto ao mercado de Mato Castelhano. Eles estão saindo da cidade para atacar a agente aqui. Não se tem mais sossego.
ON – O senhor acredita que eles tinham informação sobre a propriedade?
Homem – Certamente. Chegaram falando meu nome. Assim como fizeram na propriedade do vizinho. Alguém deve ter passado informações sobre a gente para eles. Só que somos pequenos agricultores. Não temos dinheiro nem objeto de valor. Trabalhamos para o sustento apenas.