A qualidade da semente utilizada é um dos fatores determinantes para o bom rendimento de uma lavoura. Na Expodireto uma especialista que trabalha na área há 38 anos explica porque é tão importante levar em conta o vigor das sementes a serem utilizadas e como isso pode aumentar, e muito, o potencial produtivo das plantas. Um teste que representa menos de 2% do custo total de produção pode auxiliar os produtores a escolherem melhores lotes na hora de plantar.
A parceira da Dimicron no projeto Construindo Plantas Shirlei Uhde tem experiência de 38 anos com sementes. Ela explica que o vigor da semente é um fator determinante para a produtividade de uma plantação e está atrelado, principalmente, aos danos. Os três principais são os danos mecânicos, por percevejo ou umidade. Muitas vezes esses danos não são visíveis a olho nu, mas podem fazer com que plantas debilitadas e com menor potencial de produtividade sejam geradas. “O dano mecânico muitas vezes não é identificado por fora porque não rompeu o tegumento e a semente aparentemente está perfeita, mas por dentro há danos. Muitos danos só podem ser vistos por meio da analise com tetrazólio”, explica. Por meio dessa análise, feita por amostragem, é possível escolher os melhores lotes de sementes para serem implantados na lavoura.
O teste de tetrazólio permite classificar o vigor das sementes em cinco níveis: mais alto vigor, alto vigor, médio vigor, baixo vigor e mais baixo vigor. “Gostaríamos que os produtores tivessem no mínimo 50% de sementes de mais alto vigor nos seus lotes e uma germinação acima de 95% para termos sementes de qualidade”, pontua Shirlei. Segundo ela, um dos problemas é que hoje o Ministério da Agricultura não oficializou o teste de vigor como parâmetro de comercialização de sementes. “Ele apenas exige a germinação, o que dificulta acelerar um processo de ganho continuo. A legislação exige pouco”, avalia.
Segundo Shirlei se o vigor das sementes fosse levado em conta no momento da implantação da cultura seria possível se alcançar médias de produtividade superiores a 100 sacas de soja. “Todo produtor deveria ter um controle de qualidade interno e começar a exigir sementes com mais alto vigor. A semente é o insumo mais importante da agricultura e foi deixado de lado por muitos anos. Precisamos fazer o produtor se conscientizar da importância do insumo. De nada adianta jogarmos altos investimentos em produtos químicos se não cuidarmos da semente que é quem dá o suporte da produtividade. Ela é o alicerce de toda a lavoura”, reforça.
Ela relata o caso de um produtor que em três anos passou de uma média de produtividade de 78 sacas de soja por hectare utilizando uma média de 20% de sementes de mais alto vigor para 108 sacas ampliando a quantidade de sementes de mais alto vigor para 79%. Segundo ela esses valores são relativos e dependem de outros fatores climáticos e de condução de lavoura, mas que é possível sim se obter pelo menos 50% a mais de produtividade utilizando sementes de mais alto vigor.