Índios querem ministro da Justiça na região

A decisão em fechar a estrada foi tomada na quarta-feira, após o resultado da reunião entre representantes do Ministério da Justiça e Secretaria Estadual do Desenvolvimento Rural Pesca e Cooperativismo.

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Caingangues ameaçam bloquear a estrada em definitivo se reivindicações não forem atendidasCaingangues ameaçam bloquear a estrada em definitivo se reivindicações não forem atendidas
Caingangues ameaçam bloquear a estrada em definitivo se reivindicações não forem atendidas
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O prazo estabelecido por lideranças indígenas para que o Ministério da Justiça se manifeste sobre a carta de intenções definida em reunião na quinta-feira à tarde, se encerra neste sábado. Enquanto isto,  o  principal acesso a Faxinalzinho segue bloqueado pelos caingangues da reserva de Votouro. Situação que já está prejudicando o dia a dia dos moradores do município. 

A decisão em fechar a estrada foi tomada na quarta-feira, após o resultado  da reunião entre representantes do Ministério da Justiça e Secretaria Estadual do Desenvolvimento Rural Pesca e Cooperativismo. No encontro, sem a presença do ministro José Eduardo Cardozo, ficou agendada para 22 de maio, em Brasília, uma mesa de diálogo entre o governo federal, agricultores e lideranças indígenas. O anúncio frustrou ambos os lados.

Insatisfeitos, um grupo de caciques das regiões norte e noroeste do estado se reuniu quinta-feira à tarde, no município de Benjamin Constant do Sul e elaborou  uma carta com quatro reinvindicações: publicação da portaria declaratória da terra indígena Votouro- Kandóia; conclusão do processo de demarcação da terra indígena Passo Grande da Forquilha, em Sananduva, desintrusão da terra indígena Rio dos Índios, em Vicente Dutra e publicação da portaria declaratória da terra indígena Irapuá, em Caçapava do Sul. 

Os índios aceitam o diálogo com o governo federal desde que o encontro aconteça em alguma das cidades da região norte do estado. “Já está decidido que não iremos a Brasília. Existe um falso debate, onde não se toma nenhuma decisão concreta. Estamos há 12 anos esperando esta definição e até agora só empurram com a barriga” afirmou o presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Grande do Sul, Zaquel Caingangue.
As cerca de 60 famílias do acampamento Candóia, interior de Faxinalzinho, reivindicam uma área de aproximadamente 3 mil hectares, da qual não abrem mão sob o argumento de que o território teria pertencido aos seus antepassados. O grupo deixou claro que não cogita a possibilidade de aceitar outras áreas oferecidas pelo governo para resolver o impasse.

“O índio tem o direito originário sobre esta área. Só queremos o que é nosso por direito. Temos uma ligação histórica e cultural com o lugar, por isso, buscamos nossos direitos. Entendemos os agricultores, eles devem ser indenizados pelo governo. Não estamos acirrando conflito nenhum, apenas protestando. Todo o território reivindicado por índios no RS representa apenas 0,8%, o restante está nas mãos de quem” questionou Zaquel.
Caso o Ministério da Justiça não cumpra o prazo estabelecido na carta de reivindicações, os índios da reserva de Votouro ameaçam fechar em definitivo a estrada entre Benjamin Constant e Faxinalzinho. O acesso é permitido somente para veículos oficiais, polícia, ambulância e imprensa. Sobre a morte dos irmãos Anderson de Souza, 27 anos, e Alcemar de Souza, 36 anos, por caingangues, no interior do município, a Zaquel disse apenas que o caso está sendo investigado pela Polícia Federal e que somente irá se manifestar após conclusão do inquérito.


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