A carne suína é a mais consumida no mundo e a demanda pelo produto cresce à medida em que alguns estigmas são superados. Com o aprimoramento do perfil genético dos animais e a organização da cadeia produtiva, a ideia de que porco é um animal sujo, transmissor de doenças e com gordura excessiva deve ficar no passado. Nesse contexto, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) publicou, no início deste ano, o Manual de Cortes de Carne Suína. O material descreve e ilustra os cortes de carne exigidos tanto pelo mercado brasileiro quanto para exportação. O professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (FAMV/UPF) Elci Lotar Dickel, com o apoio de três acadêmicos, foi o responsável pela descrição dos músculos e da base óssea dos cortes apresentados no Manual.
Dickel, que é professor do curso de Medicina Veterinária e dos Programas de Pós-Graduação em Bioexperimentação (PPGBioexp) e em Ciência e Tecnologia de Alimentos (PPGCTA), dedicou-se por 37 anos ao Ministério da Agricultura na função de fiscal federal agropecuário, tendo ampla experiência em frigoríficos. Essa trajetória chamou a atenção da ABPA, que confiou a Dickel a responsabilidade de descrever, com base na legislação nacional e nas exigências internacionais, os modelos de cortes de carne que norteiam as práticas da indústria alimentícia brasileira. Esse trabalho foi realizado no segundo semestre de 2014, com a colaboração do acadêmico do PPGBioexp Jair Rodrigues de Oliveira e dos estudantes de Medicina Veterinária Carine Pagnussat (hoje já graduada) e Luís Fernando Pedrotti. O Manual impresso foi publicado no início de 2015, e a versão on-line pode ser visualizada no site da ABPA (www.abpa-br.org).
Para o professor da UPF, o consumo da carne suína deve crescer ainda mais, principalmente no Brasil. “A carne suína tem um excelente teor de aminoácidos essenciais e suas possibilidades são cada vez mais exploradas tanto na indústria quanto na gastronomia”, afirma. O preço é outra vantagem. “Um boi leva em torno de dois anos até estar pronto para o abate, já o suíno é abatido com seis meses. Com isso, o custo de produção se torna inferior”, comenta o professor.