Para garantir o acesso integral, universal e gratuito aos serviços de saúde no Brasil, foi instituído, em 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, porém, com cortes nos repasses de verbas estaduais e federais, diversos hospitais da região precisam buscar esforços para continuar oferecendo os serviços prestados pelo SUS à população. Este é o caso do Hospital de Caridade de Carazinho (HCC), que ainda nesta semana havia informado um possível cancelamento dos serviços médico-hospitalares prestados por intermédio do Sistema, bem como a desativação da unidade de urgência e emergência do hospital. Na tarde de ontem, porém, o HCC comunicou, através do presidente Azelar Kissmann, que manterá o atendimento.
De acordo com o administrador do hospital, Felipe Sohne, a decisão ocorreu em audiência realizada no Ministério Público Estadual com a Prefeitura de Carazinho, que acordou em prorrogar o contrato vigente com o hospital. “Em Carazinho a prefeitura é sob Gestão Plena. É ela quem recebe os recursos do Ministério da Saúde e do governo estadual, repassando os valores, com complemento do município, para o hospital prestar os serviços”, explica Sohne. Hoje, o hospital recebe cerca de R$ 1,6 milhão mensais pelo SUS, mas segundo o administrador, o valor é insuficiente. “Alguns incentivos pagos foram cancelados. Há uma pendência de mais de R$ 400 mil que o hospital não recebeu no ano passado e cerca de R$ 181 mil mensais que foram cortados pelo Estado desde janeiro de 2015. Além de tudo isso, ainda teríamos menos recursos do município, impossibilitando o atendimento”, esclarece.
O contrato do HCC com a prefeitura venceria no dia 30 de junho e a proposta do município era de reduzir os repasses que hoje são de R$523 mil para R$ 245 mil por mês. O secretário municipal de Saúde de Carazinho, João Ricardo Hartmann, disse que o corte se daria devido às dificuldades financeiras do município e à redução nos repasses do governo federal e estadual. “O impasse ocorreu depois da proposta da Prefeitura de reduzir em cerca de R$ 100 mil mensais o valor dos repasses, já que desde 2005 não há reajuste federal e estadual e o município precisou aumentar o valor cada vez mais”, destacou Hartmann. Nos próximos dias, a administração do hospital deve se reunir novamente com o município para avaliar o orçamento e pensar propostas para o próximo ano. O HCC é o único hospital do município e são feitos, por dia, pelo menos 300 atendimentos pelo SUS na instituição.
