?? preciso alimentar a população de 9,5 bilhão de pessoas até 2050

Representante da FAO acredita que até 2030 há condições de acabar com a fome no mundo. Especialistas debatem meios e dificuldades para ampliar a produção de alimento de forma sustentável

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Painel reuniu especialistas para debater o futuro da agricultura mundial, em Campinas, RSPainel reuniu especialistas para debater o futuro da agricultura mundial, em Campinas, RS
Painel reuniu especialistas para debater o futuro da agricultura mundial, em Campinas, RS
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A expectativa de aumento populacional mundial nos próximos 35 anos é alarmante. Nesse período, estimasse que a humanidade passará de 7,3 bilhões de pessoas para aproximadamente 9,5 bilhões. O desafio mundial é produzir alimentos para esta massa populacional, com restritas possibilidades de ampliação das fronteiras agrícolas e necessidade de se ter um crescimento sustentável. O Brasil é um exemplo a ser seguido pelo mundo, mas ainda há possibilidades e é preciso avançar em uma produção agropecuária eficiente e ecologicamente sustentável.

O futuro da agricultura foi o tema debatido em  encontro promovido pela Basf, no município de Campinas, SP, que reuniu especialistas de diferentes áreas. O consenso é a necessidade de se produzir mais no mesmo espaço já cultivado atualmente. O representante da Embrapa Décio Luiz Gazzoni destaca que o aumento populacional que será registrado até a década de 2050 se dará prioritariamente nas regiões do mundo onde há a maior concentração de pessoas com deficiência nutricional, especialmente regiões da África e Ásia. Segundo ele, as estimativas atuais apontam que a partir de 2055 a população mundial se estabilizará e passará a decrescer. Mesmo assim haverá a necessidade de se produzir mais alimentos e energias renováveis a partir da agricultura para abastecer essa população.

Nos países tropicais e subtropicais estão as principais possibilidades de se aumentar essa produção de alimentos investindo, principalmente, na produtividade ao invés de ampliação das áreas agricultáveis. Além disso, a adoção de sistemas modernos de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) está entre as medidas sugeridas. Hoje o Brasil é um dos poucos países que podem ampliar sua área de produção. A importância da garantia de sucessão rural e de suprir a necessidade de mão-de-obra são outros desafios a serem superados.

O presidente da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag) Luiz Carlos Corrêa de Carvalho nos últimos 15 anos a produtividade da agropecuária brasileira cresceu mais de 20%, enquanto outros setores da economia apresentaram um decréscimo. “O agronegócio vai seguir crescendo e de forma sustentável”, opina sobre o futuro. Durante a apresentação ele citou problemas relacionados à logística, burocracias para liberação de novos insumos, necessidade de se olhar o mercado mundial e de se levar as novas tecnologias e conhecimento aos pequenos e médios produtores. Além disso, defendeu a importância dos biocombustíveis neste cenário de crescimento necessário.

Pensar no agricultor
Para o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) Roberto Lucio Rocha Brant é preciso auxiliar o produtor que já está no campo ao invés de se tentar aumentar o número de produtores rurais. Para ele, a história do agronegócio brasileiro seria diferente sem a presença e ação dos agricultores. Entende ser evidente a necessidade de se levar tecnologia e conhecimentos aos produtores rurais a fim de melhorar as condições de vida desses trabalhadores, otimizar a produção e garantir bons resultados. “O Brasil construiu agricultores do nada e deixou de transformar pequenos produtores em agricultores modernos”, critica. Ele defendeu ainda a importância do agronegócio para o crescimento econômico nacional, criticando uma visão de que esse crescimento se basearia na industrialização.

Acabar com a fome mundial até 2030
O representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) Alan Bojanic destacou que hoje há capacidade de o mundo acabar com a fome de cerca de 800 milhões de pessoas em situação de deficiência nutricional até o ano de 2030. Ele destaca que o Brasil tem exemplos a serem seguidos para que esse objetivo se cumpra. Outra frente a ser trabalhada diz respeito à diminuição no desperdício de alimentos por meio de uma reeducação das pessoas. Ele também defendeu a criação de ações, especialmente na África, para que possa produzir os próprios alimentos ao invés de ficar dependente dos alimentos produzidos em outros partes do globo.

O vice-presidente sênior da Unidade de Proteção de Cultivos da BASF para a América Latina e de Sustentabilidade para a América do Sul Eduardo Leduc reforçou a necessidade de se ver o pequeno agricultor como usuário de tecnologia e a necessidade de estimular o acesso a essas tecnologias a fim de ampliar a produção nas pequenas e médias propriedades. Destacou ainda que os pequenos produtores têm a capacidade de diferenciar a produção, mas que para isso precisam ter acesso ao conhecimento e aos meios para que isso aconteça. Outro desafio apontado por ele é a necessidade de ação conjunta entre esses pequenos produtores a fim de se fortalecerem no mercado de diversas formas. Ele citou exemplo de cooperativas de café que conseguem produzir e vender para os mercados mais exigentes do mundo.

*Zulmara Colussi e Leonardo Andreoli viajaram para Campinas à convite da Basf

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