A intensidade do calor registrada nos últimos dias, com temperaturas fora do padrão para esta época do ano, tem deixado preocupados os fruticultores gaúchos. Conforme o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar no final desta semana, as atuais condições climáticas estão antecipando o florescimento de variedades precoces de pêssego, mesmo em locais de altitude maior do que a dos vales. "As temperaturas mais elevadas dão início ao ciclo das plantas, que até então estavam no período de dormência", explica o assistente técnico estadual em Fruticultura da Emater/RS-Ascar, Antonio Conte.
A ocorrência de geadas até meados de setembro é rotineira, segundo Conte, expondo as plantas a sérios riscos de perdas. Na safra passada, temperaturas de até -4ºC, ocorridas na metade de agosto, praticamente dizimaram a produção das variedades de pêssego mais do cedo, trazendo muitos prejuízos aos produtores.
Os dias de sol e a ausência de chuvas possibilitaram o avanço nas práticas culturais do momento, como a poda seca e os tratamentos fitossanitários. Nesse quesito, pomares de variedades superprecoces cultivados em mesoclimas mais quentes – vales de rios – já se encontram com as frutas em estágio bem avançado, exigindo intervenção com raleio dos pêssegos e várias aplicações fitossanitárias para prevenir incidência de fitomoléstias.
Na Região Sul, os pomares de pêssego estão em plena floração. As plantas acumularam apenas 180 horas de frio (temperaturas ≤ 7,2ºC), quando a média histórica é de mais de 324 horas para o período considerado. Em razão disso, acontece uma floração desuniforme nos pessegueiros. "Isso não chega a interferir na qualidade dos frutos, e sim na quantidade que será produzida por planta”, afirma Conte.
No momento, os produtores seguem as aplicações de fungicidas, visando à proteção fitossanitária das flores, intensificando as atividades de poda e o tratamento fitossanitário de inverno nos pessegueiros. Estima-se um percentual de 78% dos pomares podados na região, um pequeno atraso em relação ao ano passado, quando a estimativa estava em 86%.
O calor e as poucas horas de frio acumuladas pelas plantas também preocupam os produtores de ameixa da Serra gaúcha, que agora realizam os últimos tratamentos fitossanitários de inverno, com a utilização de caldas nos pomares. Alguns produtores irão utilizar produtos sintéticos para quebra de dormência, a fim de buscar uma floração mais uniforme e minimizar os efeitos da falta de frio.