Empresa recolhe mais de mil toneladas de pneus em Ernestina

Avaliada em cerca de R$ 180 mil, operação de retirada do produto foi custeada pela prefeitura

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Sacolas com pedaços de pneus devem ser removidas da propriedade até a próxima sexta-feiraSacolas com pedaços de pneus devem ser removidas da propriedade até a próxima sexta-feira
Sacolas com pedaços de pneus devem ser removidas da propriedade até a próxima sexta-feira
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A prefeitura de Ernestina anunciou ontem à tarde, a conclusão do trabalho de remoção dos pneus armazenados a céu aberto  em um depósito clandestino, às margens da RS 153, em Esquina Penz,  interior do município. Durante 56 dias de trabalho foram recolhidas  mais de mil toneladas  de pneus. 

O local já havia sido alvo de uma ação civil pública do Ministério Público Estadual, em 2009. À época, o MP decidiu  que o proprietário realocasse os pneus para uma área coberta ou os removesse adequadamente. Em 2012, uma sentença judicial determinou o cumprimento  da ordem judicial, e fixou multa diária, em caso de descumprimento. A estimativa era de aproximadamente dois mil pneus acumulados.

Imagens áreas realizadas por um droner do Batalhão Ambiental da Brigada Militar, de Passo Fundo,  durante o Dia Nacional de Combate a Dengue, em fevereiro deste ano, impressionaram. Expostos à chuva, o material chamou a atenção  em razão dos riscos de proliferação do mosquito aedes aegypt, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Em uma primeira avaliação as autoridades estimaram algo em torno de 30 mil pneus. Número que acabou subindo para 100 mil assim que a força-tarefa, formada por funcionários da prefeitura de Ernestina, Batalhão Ambiental, Defesa Civil e 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, entrou na área.

A remoção  foi realizada pela empresa paulista Reciclanip, que atua sem fins lucrativos. As despesas, avaliadas em  aproximadamente R$ 180 mil, saíram dos cofres da prefeitura de Ernestina. O executivo cedeu ainda duas máquinas e 15 funcionários durante dois turnos. O prefeito  Odir João Boehm busca o reembolso do investimento através do Estado e União. “Também estamos contatando com o Ministério Público Estadual. Existe um fundo do meio ambiente, proveniente de multas ambientais aplicadas pelo órgão. Já acionamos o MP, uma vez que tivemos um crime ambiental aqui” avalia o chefe do executivo.

As cerca de 1.050 toneladas de pneus  retiradas da propriedade foram encaminhadas para empresas de São Paulo, Paraná, e uma em Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul. O produto é triturado e reciclado. A Reciclanip deve trabalhar até sexta-feira no local para recolher dezenas de sacolas com restos de pneus. “Este material tem que ser acondicionado separado e será incinerado para fabricação de cimento' explica Boehm.

Depósitos

Para não perder todos os pneus depositados a céu aberto, o dono da propriedade, Daltro Luiz Possamai, 59 anos,  construiu rapidamente um pavilhão coberto e transferiu parte dos produtos para lá. A força-tarefa também não mexeu nos pneus armazenados em um antigo pavilhão. “Nossa  primeira preocupação foi com a possível proliferação do mosquito da dengue. Na sequência, vamos verificar a situação destes dois depósitos que permaneceram. Se existe licença ambiental” diz o comandante do Batalhão Ambiental, major Elieu de Souza Roque.

De acordo com a força-tarefa, o depósito era considerado clandestino porque o agricultor havia solicitado ao município de Ernestina, em 2008, uma concessão para o Comércio Varejista de Peças, Acessórios de Veículos Automotores e Pedras Preciosas. Ao descobrir que no local estavam sendo depositados pneus, o município acessou o Batalhão Ambiental.

 

Agricultor acumulou pneus por quase uma década

Bastante abalado com a perda dos pneus, Possamai disse que irá  comercializar o que sobrou nos dois depósitos. Em entrevista ao ON, no mês de fevereiro, ele contou que pretendia vender o produto para reciclagem. A possibilidade em investir no negócio surgiu a partir do contato feito por um funcionário de uma empresa de alimentos e bioenergia à base de soja. “Ele disse que o volume necessário seria entre 400 a 500 toneladas mês” revelou à época. Em razão disso, dedicou sete anos de sua vida recolhendo pneus em borracharias e lojas da região norte do Estado.  Ontem, enquanto acompanhava a movimentação em sua propriedade, ele lamentou o ocorrido. “ Sete anos trabalhando de 12 a 13 horas por dia para terminar assim. Estou muito abalado. Vou procurar meus direitos” afirmou.

 

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