A canola tem ganhado espaço nos cultivos de inverno como alternativa para compor sistemas agrícolas de produção de grãos em diferentes regiões do País. Entretanto, nos últimos dez anos a produtividade média estabilizou em torno de 1500 kg/ha, patamar distante do potencial de rendimento da cultura (4500 kg/ha). O projeto "Estratégias de manejo associadas a respostas ecofisiológicas da canola em lavouras brasileiras" iniciou neste ano, com previsão de gerar informações e novos conhecimentos até 2020 a fim de alterar esse cenário.
Liderado pela Embrapa Trigo, o trabalho conta com colaboradores da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT-Tangará), Instituto Federal Farroupilha (IFFAR-São Vicente do Sul), Pontifícia Universidade Católica (PUC-Toledo/PR), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). "Nosso objetivo é gerar informações que subsidiem a tomada de decisão segura pelo produtor rural, através de indicadores para tornar a canola mais eficiente no aproveitamento de recursos do ambiente e na expressão do potencial produtivo da cultura, em distintos locais de cultivo", explica o pesquisador Jorge de Gouvêa, coordenador do projeto.
Clima
Entre as estratégias utilizadas está a aclimatação da canola ao frio extremo visando reduzir os danos causado por geada nas lavouras da Região Sul. "Estudos preliminares mostraram que a aclimatação de plântulas de canola ao frio reduziu de forma significativa os danos causados por geadas resultando em maior área foliar, maior peso de matéria seca e redução da queima de folhas. A aclimatação de plântulas ao frio assegurou a sobrevivência de 100% das plântulas submetidas a duas geadas consecutivas de -4 e -6 °C", conta o pesquisador Genei Dalmago.
Solo
Apesar da boa tolerância da canola ao déficit hídrico em função das raízes profundas e pivotantes, um dos planos do projeto está avaliando as respostas da cultura sob diferentes condições de disponibilidade de água no solo. "Precisamos saber como esse tipo de estresse afeta a planta para buscar soluções que possam minimizar o problema ou mesmo redefinir as áreas com melhor aptidão ao cultivo da canola no Brasil", explica Genei Dalmago.
Por outro lado, o excesso de umidade interfere no crescimento e desenvolvimento das plantas. De acordo com pesquisas da UFSM, sob orientação do professor Evandro Righi, o menor crescimento das plantas cultivadas em áreas de várzea sem drenagem pode ser devido à baixa concentração de oxigênio no solo, restringindo o crescimento das raízes e como consequência, paralisando o crescimento da parte aérea. Uma forma de usar essas áreas sujeitas ao alagamento é a realização de sistemas de drenagem, conforme os experimentos conduzidos pelo professor Ivan Maldaner no IFFAR-Campus São Vicente do Sul. Outra forma, é o uso de genótipos tolerantes ao excesso hídrico do solo e que se desenvolvam nessas condições sem perdas significativas de produtividade.
Manejo
Identificar o melhor arranjo de plantas e a época de semeadura é outra estratégia do projeto, conduzida através de experimentos na Unijuí e no IFFAR, visando ao escape de riscos de natureza climática e à potencialização no uso dos recursos do ambiente. De acordo com os pesquisadores, em virtude das diferentes cultivares empregadas, épocas de semeadura e de distintos níveis de tecnologia, a utilização de um arranjo de plantas mais ajustado por genótipo e por local pode contribuir para um maior rendimento de grãos.