As geadas consecutivas registradas na última semana deixaram o registro de belas imagens por toda a região. Para a agricultura, o fenômeno meteorológico pode representar benefícios ou prejuízos dependendo do período em que ocorre, áreas atingidas ou mesmo o estágio de desenvolvimento das culturas. As últimas geadas trouxeram benefícios fitossanitários às lavouras, por outro lado podem ter causado danos econômicos especialmente nas lavouras de canola, cujas plantas estão no início do desenvolvimento.
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro explica que ainda não há dados definitivos sobre os danos causados pela geada nas lavouras de canola. A extensão da perda dependerá da intensidade com que as áreas foram atingidas. No entanto, as áreas de lavouras mais baixas, onde a geada permanece por mais tempo, podem ter prejuízos maiores.
A canola foi semeada entre o final de abril e no mês de maio. Ela demora entre 10 e 15 dias para nascer porque o solo é frio. “Ela está recém emergindo e é muito sensível. A planta não está bem enraizada e é suscetível ao frio nessa fase, bem como na floração”, explica Dóro. A Emater ainda está avaliando os danos causados, mas já se sabe que eles ocorrerão. “Vamos avaliar, mas algum prejuízo de ordem econômica vai trazer porque não é normal tanto frio consecutivo”, pontua.
Trigo, cevada e aveia
No caso do trigo, da cevada e da aveia, não há efeitos negativos neste período. O trigo está sendo semeado agora na região e a semente ainda está embaixo da terra. “De agora em diante se intensifica o plantio das culturas de inverno. As condições de umidade estão boas e agora estão plantando intensamente. Os produtores fazem o esforço para plantar até o final do mês, que é o melhor período para plantio do trigo”, observa Dóro. A cevada, por outro lado, já está com o plantio mais adiantado na região.
Aspecto fitossanitário
As áreas cultivadas com soja na região apresentavam muitas plantas que cresceram após a colheita, conhecidas como soja guaxa. Como as plantas são de origem transgênica, a aplicação de dessecantes não seria suficiente para acabar com elas. Neste caso, as geadas acabam queimando e matando as plantas. Isso evita que elas se tornem um foco de inóculo para doenças como a ferrugem asiática e para o oídio. “Para esse aspecto fitossanitário a geada é positiva, principalmente para a próxima safra de verão”, reforça Dóro.
Pastagens comprometidas
Outro problema causado pelas geadas está relacionado ao desenvolvimento das pastagens de inverno. Os campos destinados para esta finalidade estabilizam o crescimento e ficam aguardando temperatura e umidade para voltar a se desenvolver. Os reflexos disso poderão ser percebidos na redução da produção de leite e também no desenvolvimento de animais destinados à pecuária de corte.