Casos de mormo registrados desde o ano passado deixaram autoridades sanitárias e criadores de equinos em alerta. Em Passo Fundo, a preocupação com a doença levou a criação do I Fórum Gaúcho do Mormo para a discussão sobre as implicações, controle e efeitos da ocorrência da doença. Neste ano, está confirmada a segunda edição do evento, organizado pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e que acontecerá no dia 20 de outubro deste ano. Entre os principais aspectos a serem debatidos, estão algumas propostas de alterações na legislação relacionada à doença e também o aprimoramento do diagnóstico conclusivo da infecção pela bactéria.
Conforme o coordenador do II Fórum Gaúcho do Mormo, professor da UPF e veterinário da Brigada Militar, João Ignácio do Canto, a entrada da enfermidade no ano passado causou grande preocupação sanitária principalmente pela dificuldade de se saber como seria a evolução da doença no Estado. Essa dificuldade é relatada inclusive na literatura científica internacional. Em função dessas indefinições os desfiles dos festejos farroupilha chegaram a proibir a participação dos animais.
Nesta segunda edição do evento estarão em discussão temas relacionados aos avanços da doença e das medidas de controle e diagnóstico desde o ano passado e também uma avaliação da situação do mormo no país e no mundo. Palestrantes de outros estados, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pesquisadores internacionais devem incluir a programação. O diagnóstico confirmatório deve ser um dos principais aspectos abordados, juntamente com a alteração da legislação sobre a doença.
Alguns exames são encaminhados aos Estados Unidos para se confirmar o diagnóstico, mas que poderiam ser feitos aqui. “Vamos abordar uma série de medidas que são necessárias para se aprimorar o diagnóstico e se conseguir evoluir no conhecimento do agente da doença para que possamos adotar medidas estratégicas a curto, médio e longo prazo”, esclarece sobre a principal finalidade do evento. De acordo com o professor, pesquisadores brasileiros estão inseridos em um grupo de estudos internacional que aprimora a técnica de detecção da doença.
Casos
O professor Canto explica que no Estado a doença tem apresentado uma baixa prevalência. Mesmo assim, casos foram registrados em diferentes partes do Rio Grande do Sul. Devido a baixa prevalência, o Mapa chegou a ampliar o prazo de validade dos exames negativos para a doença de dois para seis meses. O estudo que levou a esta tomada de decisão também será discutido no Fórum.
Em alguns casos confirmados os animais não apresentavam sintomas clínicos. Isso dificulta a identificação dos casos. Por isso a indicação é para que os animais sejam manejados de forma mais individual possível, principalmente evitando-se o compartilhamento de cochos, bebedouros, material de montaria (freios) e limpeza.
Na última semana um caso suspeito da doença levou à interdição de um Jockey Club em Porto Alegre. Até o momento não há a confirmação do caso. O local teve interditada a entrada e saída de animais como forma de prevenção de propagação da doença. O animal com suspeita da doença também foi isolado dos demais.
Mormo
Conforme informações da Secretaria Estadual de Saúde, o mormo é uma zoonose infectocontagiosa causada pela bactéria Burkholderia mallei (deve ser escrito em itálico) que acomete primeiramente os equídeos (cavalos, burros e mulas) e pode ser transmitida eventualmente a outros animais e ao homem. A doença é transmitida ao homem pelo contato com animais infectados. A bactéria entra no organismo através da pele e das mucosas dos olhos e nariz. Casos esporádicos podem ocorrer principalmente em atividades profissionais relacionadas ao manejo desses animais ou manipulação de amostras contaminadas.