A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e os hospitais filantrópicos e santas casas do Estado realizaram na manhã de ontem manifestações em 12 municípios em defesa da saúde pública no Rio Grande do Sul, que vive uma situação caótica em decorrência da drástica redução nos repasses de recursos públicos. Em Passo Fundo a manifestação aconteceu em frente à 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e reuniu centenas de manifestantes de toda a região Norte.
O diretor da Fetag Lindomar Moraes destaca que a entidade resolveu se mobilizar em apoio aos hospitais após diversas reuniões nas quais identificaram sérios problemas na saúde pública gaúcha. “Queremos mostrar para a sociedade que em pouco tempo ficaremos sem a saúde pública. O anúncio de repasse de R$ 80 milhões não cobre o déficit dos hospitais. E temos vários hospitais fechando por não terem recursos. Não concordamos com isso”, enfatiza.
Conforme o administrador do Hospital da Cidade, Luciney Bohrer o anúncio do governo do Estado de pagar valores atrasados não resolve a situação dos hospitais. “Nossa maior preocupação é em ter uma tabela digna que pague os custos do SUS. Os hospitais estão mantendo os custos do SUS buscando recursos em bancos e comprometendo seus patrimônios para manter os atendimentos. A comunidade está começando a ver a fragilidade dos hospitais e as pessoas terão dificuldade cada vez maior de acesso aos atendimentos se continuarmos nessa situação”, alerta.
Conforme dados da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, uma Consulta Simples para um adulto custa para os hospitais R$ 42,00 e o governo federal repassa apenas R$ 13,00.
De Passo Fundo participaram do ato representantes dos hospitais da Cidade e São Vicente de Paulo. Além disso, grupos de vários municípios da região se integraram à mobilização.
Mês da Misericórdia
Os atos no Estado também integram a programação do Mês da Misericórdia proposto pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS para alertar à comunidade e aos governos a situação vivenciada pela saúde pública no Estado. Conforme dados da entidade, em quase 200 municípios, os hospitais filantrópicos e beneficentes e as santas casas são as únicas opções para estes tipos de atendimento.
No total, o Estado conta com 245 santas casas e hospitais filantrópicos que, no ano de 2014, representaram 75,2% das internações realizadas pelo SUS, um total de 573 mil. Além disso, do total de 33.713 leitos existentes no Estado, 22.977 estão em hospitais filantrópicos (68,15% dos leitos). No Estado, há um total de 23.056 leitos destinados ao SUS, dos quais 15.590 estão localizados nos hospitais filantrópicos (67,6%).
Ainda uma pesquisa realizada pela Federação aponta que 91% dos hospitais afirmam que há dívidas relativas aos programas; 46% indica que houve redução de pessoal (de 2015 até junho de 201, 10% do quadro de 65 mil trabalhadores); 44% afirmam que existem outros tipos de dívida (além dos programas); 43% reduziram internações e/ou atendimentos ambulatoriais; 71% atrasaram honorários médicos; e 44% atrasaram salários de colaboradores.