Um levantamento realizado pela Famurs aponta a falta total ou parcial de acesso asfáltico como problemas que afetam 100 municípios gaúchos. Deste montante, 64 cidades não possuem nenhuma via com revestimento. Outras 36 têm pelo menos um acesso asfáltico. São 948 quilômetros de ligações municipais não pavimentadas em todo o Rio Grande do Sul. É aproximadamente a distância entre Caxias do Sul e São Paulo.
De acordo com o plano de obras do governo do Estado, nos 100 municípios, 69 trechos de estrada ainda precisam de pavimentação. Em apenas 10 casos, o trabalho está em andamento ou foi parcialmente concluído (quando ainda falta pintura e sinalização). Em 59 trechos, a obra nunca foi iniciada ou está paralisada. Por outro lado, em Santa Catarina, por exemplo, cada município possui pelo menos um acesso asfáltico.
O presidente da Famurs e prefeito de Arroio do Sal, Luciano Pinto, afirma que a entidade manterá a cobrança para o Estado concluir todos os acessos asfálticos. Ele também defende uma participação efetiva da União na resolução do problema. "Mesmo que seja necessário alterar a legislação, vejo como alternativa para resolver a questão do acesso asfáltico possibilitar que os prefeitos e prefeitas tenham como obter recursos no BNDES. Ao invés de investir fora do país, o banco pode auxiliar os municípios”, defende. O custo para universalizar o acesso asfáltico no Rio Grande do Sul é de R$ 1 bilhão.
Prejuízos da falta de acesso asfáltico
Desconforto no transporte de pacientes e estudantes, desgaste de veículos públicos e particulares, prejuízo no escoamento da safra agrícola, maior dificuldade em atrair mão de obra qualificada, desestímulo a possíveis investimentos e êxodo rural são algumas das consequências visíveis da falta de asfaltamento nas vias de acesso às cidades. De acordo com estimativa da Área de Receitas Municipais da Famurs, o prejuízo pode chegar a 2,5% do PIB do Estado.
O presidente da Comissão dos Municípios Sem Acesso Asfáltico e prefeito de Dois Irmão das Missões, Derli Quadros, avalia que não ter uma estrutura viária adequada compromete o crescimento econômico das cidades. "Os municípios estão na contramão do desenvolvimento por não possuírem acesso asfáltico. Não há produção de emprego e renda. O custo do frete fica maior. Com certeza, é um atraso”, lamenta.