Com uma área plantada de 40 mil hectares em todo o Estado em um crescimento de 14,45% em relação ao ano anterior, quando foram cultivados 35,46 mil ha, a cevada é uma cultura de inverno que tem garantia de mercado e liquidez. No entanto, os desafios encontrados são comuns às outras culturas de inverno: as condições climáticas. Se depender do produtor, a garantia sempre é de boa safra.
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, explica que na região a maior parte da cevada é cultivada por meio de contratos de compra e venda entre produtores e a Ambev. Como outras grandes culturas, a cevada conta com todas as garantias necessárias para a sua produção: cultivares indicadas conforme o zoneamento agroclimático, enquadramento no Proagro e linhas de financiamento, por exemplo. As sementes utilizadas são distribuídas pela Ambev que também oferece a garantia de compra da produção.
Clima é desafio
Atualmente o principal desafio da cultura, assim como para a canola e o trigo que são cultivados no inverno, é o clima. “Hoje o agricultor perde ou deixa de ganhar pelo clima ou pelo mercado. E o que mais tem contribuído negativamente é o clima. O tema de casa tanto para o trigo, ou para a canola, cevada, aveia, o agricultor está fazendo. Ele está profissionalizado e conta com apoio técnico muito grande de cooperativas, Emater, escritórios de planejamento, iniciativa privada. Isso é feito com esmero, até porque o capital investido é alto e tem que dar retorno”, observa. A tecnologia utilizada hoje é considerada muito boa e com uma condução de lavoura adequada e condição climática é possível garantir alta produtividade que, mesmo com declínio de preço, consegue cobrir os custos e dar lucro aos agricultores.
Para que o produtor consiga aliar qualidade e produtividade, é necessário bom acompanhamento técnico. “As culturas de inverno são muito melindrosas. Elas enfrentam clima muito adverso e têm de ser muito bem conduzidas, com esmero, conhecimento e muito técnica. Diferente do verão que a soja é mais garantida e tem maior estabilidade de produção”, compara o engenheiro agrônomo.
Procura no mercado internacional
Apesar de ser grande, a produção de cevada não atende a toda demanda industrial. Por isso é comum a importação de matéria-prima. A Ambev importa o complemento que falta pra fazer a malteação. E grande parte da necessidade deles é trazida do mercado internacional, que às vezes tem produto mais barato do que o produzido aqui.
No Estado
De acordo com o último Informativo Conjuntural divulgado pela Emater Estadual, a cultura apresenta bom stand de lavoura e avançando do estádio de floração, apresentando espigas bem desenvolvidas e grande número de espiguetas. Em algumas localidades ocorreu a instalação de oídio e manchas foliares, devido à predominância de dias encobertos, temperaturas medianas e ar úmido, obrigando os produtores a aplicarem defensivos agrícolas. A preocupação é com ocorrência de geadas que poderiam causar grandes danos à cultura neste momento. No entanto, de acordo com o observador meteorológico da Embrapa Trigo/Inmet Ivegndonei Sampaio até o momento não houve registro de geadas em Passo Fundo, no mês de setembro, e também não há previsão de ocorrência.