Uma pesquisa desenvolvida na UPF analisou 162 amostras de mel das regiões de Passo Fundo, Carazinho, Marau e Erechim. Desenvolvido desde 2014, o projeto teve os seus resultados divulgados recentemente e apontaram que as amostras analisadas apresentaram ótima qualidade e origem multifloral, com a predominância de algumas espécies botânicas. Outro dado revelado é de que existem contaminações pontuais de resíduos por agrotóxicos.
A professora Maria Tereza Friedrich e o professor Hélio Carlos Rocha são os coordenadores do projeto denominado Desenvolvimento e Melhoria da Qualidade do Mel na região da Produção, aprovado junto à Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Rio Grande do Sul. Conforme Maria Tereza, as espécies botânicas foram estabelecidas a partir da análise dos flavonoides, que são marcadores botânicos encontrados nas amostras de mel analisadas, considerando a realidade agrícola regional.
Através dos resultados das análises pode-se elaborar um calendário apícola com as principais espécies botânicas que contribuem na formação do mel identificadas através da presença dos flavonoides presentes nas amostras (quadro). “Existem muitas espécies de plantas com ocorrência na região de abrangência da pesquisa, principalmente as nativas, mas que ainda não apresentam marcadores botânicos conhecidos e disponíveis para sua identificação, mas pela observação e conhecimento dos apicultores e técnicos de campo, sabe-se que muitas dessas espécies contribuem na formação do mel”, pontua a pesquisadora.
Contaminação
A pesquisa mostrou que existe contaminação pontual por resíduos de agrotóxicos em parte das amostras analisadas. A partir destes resultados foram realizados vários seminários com os apicultores com a participação da Emater/Ascar-RS, a fim de avaliar e verificar estas ocorrências bem como as formas de minimizar estas contaminações. Foi também realizado um dia de campo com os apicultores e uma atividade com os técnicos da Emater/Ascar-RS abordando as técnicas de correta aplicação de agrotóxicos, para que posteriormente estas informações sejam repassadas aos produtores.
A partir deste trabalho será possível a criação de um selo de qualidade e de origem dos méis produzidos na região. Estudos de confirmação das espécies botânicas também terão continuidade para buscar a identificação de marcadores botânicos em espécies botânicas nativas da região.
O objetivo principal da pesquisa foi o de identificar as espécies botânicas que contribuem para formação do mel e analisar possíveis contaminações por defensivos agrícolas, visando à melhoria da qualidade do produto. As amostras foram obtidas dos apicultores em um trabalho em conjunto com a Emater/Ascar-RS.
Seminários
Com o intuito de divulgar os resultados desse trabalho a um público maior serão realizados dois seminários aos apicultores interessados, nos dias 24 de outubro e 07 de novembro de 2016, às 18h nas dependências da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UPF, sem custos aos participantes. As inscrições podem ser realizadas através do e-mail [email protected] ou pelo telefone 54-3312-1982, com vagas limitadas a 30 vagas/seminário.
Espécies botânicas identificadas que contribuem na formação do mel regional
Espécie botânica e nome comum Período de safra (floração) Características do mel (cor/odor)
Rutaceae, ordem Sapindales (Citros) julho a setembro âmbar claro/levemente ácido
B. dracunculifolia (alecrim-do-campo) setembro até março âmbar claro/doce
Eucalyptus (eucalipto) janeiro/dezembro âmbar escuro/adocicado
Brassica napus L. var. Oleifera Moench (canola) julho a setembro âmbar claro/doce a levemente ácido
Raphanus sativus L (nabo)
Videira* outubro a fevereiro âmbar médio a âmbar escuro/ácido
Glycine max (L.) (soja) novembro até fevereiro predominante âmbar claro/levemente ácido
predominante âmbar claro/ácido
claro/doce
Baccharis trimera (Carqueja) setembro até fevereiro âmbar claro/levemente ácido
Sida carpinifolia (Guanxuma) novembro/março âmbar claro/ácido
Fuchsia seleriana (Brinco de princesa) Janeiro até dezembro
claro/levemente ácido
Myrciaria cauliflora (jabuticaba) julho/agosto e novembro e dezembro Clara/adocicado
Pesquisa avalia contaminação e identifica espécies botânicas predominantes
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