A cerca de um mês para o encerramento do ciclo das culturas de inverno, o clima terá papel fundamental para a consolidação de uma boa safra, especialmente para o trigo e para a cevada. O bom padrão apresentado até o momento pode ser prejudicado, caso a umidade e a temperatura comecem a se elevar e favoreçam o desenvolvimento de doenças fúngicas. Os produtores devem estar atentos à lavoura a fim de controlar possíveis focos já no início do problema.
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, explica que o trigo está, em sua maior parte, nas fases de enchimento de grãos e algumas áreas em maturação. Entre os municípios abrangidos pela regional, são mais de 48 mil hectares cultivados e que apresentam bom padrão e potencial produtivo acima de 50 sacas por ha. “A colheita se procede no final deste mês e segue até 15 de novembro, quando todo trigo deve estar colhido”, observa.
Condições favoráveis
O bom potencial produtivo se deve principalmente a dois fatores: o clima favorável e a boa condução da lavoura por parte dos agricultores. “A safra ainda não está consolidada, falta muita coisa pela frente. O trigo, historicamente, pode ser prejudicado por excessos de chuva e umidade no final do cilco. Podem se instalar doenças fúngicas, principalmente ferrugens, giberela e septória, que os produtores devem ficar de olho”, reforça. Neste período a possibilidade de ocorrência de geadas já não preocupa mais, mas chuvas de granizo, por exemplo, poderiam representar perdas. “No ano passado, o trigo vinha bem e quando chegou na reta final começou a chover demais na maturação e perdeu-se em qualidade. Tem que monitorar a lavoura, não pode descuidar. Se tiver alguma dúvida na tomada de decisão deve consultar o assistente técnico”, orienta.
Cevada
A cevada já está entrando na maturação e a colheita também se inicia até o final deste mês. No entanto, a cultura sentiu um pouco mais os efeitos da estiagem de quase 30 dias entre setembro e o início de outubro. “Ela é muito sensível à variação climática e à falta de chuva. Diante dessa situação, o potencial produtivo deve ter uma perda, mesmo assim teremos uma boa safra se tudo correr bem daqui pra frente”, analisa.
Além do bom padrão das lavouras, o clima favorável tem propiciado a menor necessidade de aplicações de defensivos agrícolas. Por ter sido um inverno mais frio e seco, este ano foi menos favorável para o aparecimento de doenças. Ao contrário, no ano passado, o calor e a umidade favoreceram o aparecimento das doenças de final de ciclo que se instalaram intensamente nas lavouras. “No geral dá para se dizer que foi utilizado menos defensivos e praticamente não tivemos problemas com pragas. Isso é bom porque diminui o custo da lavoura”, comenta.
Perda no milho
A maior parte do plantio do milho, entre 75 e 85%, foi feita no mês de setembro na região. Dóro destaca que a estiagem prejudicou muito a germinação em alguns locais. A chuva dos últimos dias deve favorecer uma recuperação da cultura, mesmo assim algumas áreas não terão como reverter os danos causados no início do ciclo. Os produtores devem proceder a aplicação de nitrogênio antecipada para conseguir recuperar parcialmente os danos causados pela falta de chuva.