A mudança no tratamento dispensado à mídia regional foi o que mais chamou a atenção na reunião realizada terça-feira (11) de representantes de entidades do segmento com o secretário especial de Comunicação da Presidência da República (Secom/PR), Márcio de Freitas. Ele mesmo classificou o encontro como “excelente”, mesma impressão de Duílio Malfatti Júnior, secretário de Comunicação Integrada do governo federal. Na reunião foi apresentada proposta pela Secom que estabelece que as entidades representativas da mídia regional serão ouvidas nas decisões de destinação dos recursos da verba publicitária do governo federal entre seus associados, e mesmo entre não associados, desde que tenham sede fora das capitais.
A reunião foi definida na semana passada, depois de encontro com o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O presidente da Frente Parlamentar da Mídia Regional, Alex Canziani (PTB-PR), disse que a conversa com direção e equipe técnica da Secom mostrou a nova visão do governo federal, que é de fazer propaganda eficaz. “Muda a metodologia. Agora ficou boa para a sociedade, o governo e a mídia regional”, resumiu. Canziani comemorou o fato de a Frente ter cumprido o seu papel, ou seja, articular e abrir portas para que o grupo da mídia regional fosse atendido pelo governo.
O secretário da Frente, deputado Jones Martins (PMDB-RS), considerou a reunião muito positiva. “Inauguramos um novo momento na relação da Câmara dos Deputados, entidades, Casa Civil e Secom.” Segundo explicou, a Frente Parlamentar da Mídia Regional defende a tese de que as entidades devem ter protagonismo na definição de verbas publicitárias. “Os critérios aplicados anteriormente levavam a injustiças. Este é o pensamento da Frente, das entidades e agora também do governo. Estamos todos alinhados. Precisamos focar na construção de uma agenda de trabalho.”
“Foi uma das melhores reuniões já realizadas para tratar desse assunto.” A manifestação foi do presidente da Associação de Diários do Interior do Brasil (ADI-BR), Jedaias Belga. Ele contou que “o governo mostrou sensibilidade” e quer investir na mídia do interior por entender que, com valores adequados, pode atingir um maior número de pessoas. “O que se quer no governo agora é o que nós empresários pretendemos sempre: eficiência. O relacionamento será pautado por seriedade e transparência.” Belga lembrou que a distribuição de recursos entre veículos era aleatória. “Com a mudança, vamos prestar um serviço ao governo e essa destinação de verbas será conforme a importância do veículo, sua eficiência ao comunicar o que o governo deseja levar à população.” O entendimento do presidente da ADI-BR é que a nova proposta ajudará a consolidar ainda mais as associações representativas e os próprios veículos do interior, já líderes de audiência em suas regiões.
O presidente da Associação Nacional dos Jornais do Interior do Brasil (Adjori-BR), Miguel Gobbi, admitiu ter ficado surpreso com a proposta da Secom. “Eles nos colocaram como responsáveis para avaliar e avalizar os veículos, de forma a aplicar corretamente as verbas publicitárias. Isso aumenta a nossa responsabilidade e também a de cada veículo associado. Precisamos ser ainda mais profissionais.”
Oscar Osawa, diretor Comercial da Associação Paulista dos Jornais (APJ) também comemorou a postura do secretário Márcio de Freitas de colocar as entidades como determinantes na distribuição de verbas. “Vamos ter uma relação mais técnica e também com mais foco no resultado. O interesse do governo agora é atingir mais gente na sua comunicação. O resultado que interessa não é tão mercadológico.” O diretor da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (AESP), Oscar Piconez, disse que tem grande preocupação com as rádios do interior, segmento que agora não será mais tratado como de “segunda linha”. “Antes havia um favorecimento para as emissoras das grandes cidades. Agora estamos sendo considerados com a devida importância e o meio rádio sai fortalecido.”
Também representando o meio rádio, Ivan Feitosa destacou que não haverá, necessariamente, um aumento das verbas publicitárias destinadas pelo governo federal à mídia regional. “A diferença é que não vai mais pulverizar essa verba sem critérios, mas concentrar nos veículos que têm mais a oferecer. Os critérios terão base na meritocracia.” O vice-presidente do Conselho da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e presidente da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), Roberto Cervo Melão, saiu da reunião animado por entender que o segmento não só foi ouvido, mas atendido em suas demandas. “Somos nós que entendemos do nosso negócio. E, portanto, somos nós que melhor podemos indicar uma distribuição eficiente dos recursos publicitários. Seremos de grande ajuda para o governo federal na missão de bem comunicar.”