Perdas no campo ainda são avaliadas

Estragos, instalação de doenças e queda na qualidade e produtividade nas lavouras de inverno causadas pelas fortes chuvas da última semana preocupa produtores

Por
· 3 min de leitura
Excesso de umidade favorece desenvolvimento de doenças fúngicas que prejudicam a qualidade do trigo e da cevada e comprometem renda do produtor em  de ErnestinaExcesso de umidade favorece desenvolvimento de doenças fúngicas que prejudicam a qualidade do trigo e da cevada e comprometem renda do produtor em  de Ernestina
Excesso de umidade favorece desenvolvimento de doenças fúngicas que prejudicam a qualidade do trigo e da cevada e comprometem renda do produtor em de Ernestina
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

O clima de otimismo que prevalecia ente os produtores nesta reta final das culturas de inverno se transformou em apreensão. O excesso de chuva da última semana trouxe também uma série de motivos de preocupação. A instalação de doenças fúngicas de final de ciclo, estragos causados por chuvas de granizo em diferentes municípios e perda na qualidade em grãos que estavam prontos para serem colhidos são alguns deles. Embora a Emater Regional de Passo Fundo não tenha ainda uma definição numérica das perdas causadas pelas condições climáticas, sabe-se que elas ocorrerão em diferentes proporções pela região. Para o produtor, o momento é de monitorar e controlar focos de doenças que possam aparecer nas lavouras.

O engenheiro agrônomo da Emater Regional, Cláudio Dóro, destaca que o trigo, que ocupa nesta safra 59 mil hectares nos municípios abrangidos, apresentava um desenvolvimento excepcional. Esse quadro foi favorecido pelas condições do inverno, que foi relativamente seco e com temperaturas baixas, o que vai ao encontro da necessidade da cultura. “O mês de setembro se caracterizou por excasses de umidade e prejudicou um pouco as lavouras de canola no enchimento de grãos. Mas o trigo e a cevada não”, compara.

No entanto a mudança nas condições climáticas e a chuva excessiva, que superou a média histórica do mês de outubro, associada a temperaturas em ascenção e umidade relativa do ar bastante elevada, mudou este cenário. “O que antes era um mar de calmaria agora se transformou em preocupação. Essa condição climática, ambiente extremamente úmido e quase ausência de sol, propicia condições para instalação de doenças fúngicas no trigo e cevada e elas vêm prejudicar a qualidade do produto e reflexos na produtividade”, observa. Apesar de saber que os danos ocorrerão, ainda é muito cedo para se ter uma estimativa numérica da extensão dos prejuízos. “Com certeza há perdas generalizadas e se permanecer o clima úmido a tendência é essas doenças se instalarem, multiplicarem e causarem danos maiores”, reforça.

Prevenção

Com a previsão de chuva em dias seguidos, alguns produtores procederam a aplicação preventiva de fungicidas na tentativa de evitar a instalação de doenças. “Mesmo com a aplicação preventiva, com essa elevado volume de chuvas os fungicidas são inoperantes e lavoura tratada ou não está suscetível a doenças”, alerta o engenheiro agrônomo. Ele orienta que os produtores que identificarem condições favoráveis podem fazer tratamento para evitar danos maiores. Mesmo assim, se as condições climáticas não melhorarem o problema pode se agravar cada vez mais.

A cevada é ainda mais sensível que o trigo e depende muito de qualidade para ter bom valor comercial. Com o excesso de umidade ela perde o poder germinativo para ser utilizada para o malte e o preço despenca. Hoje o preço do grão acompanha o do trigo e se realmente não puder ser utilizada pela indústria cervejeira o preço cai muito. O mesmo acontece com o trigo que, se não tiver qualidade, tem preço diminuído. “O que vinha sendo um quadro bastante otimista hoje é uma incógnita e a preocupação é colher o suficiente pelo menos para pagar as despesas financeiras”, pontua Dóro.

Na região, lavouras em diferentes municípios, como Marau, Carazinho, Ernestina e Pontão também foram atingidas por tempestades de granizo. Algumas delas estão se mobilizando para decretar situação de emergência devido aos estragos ocorridos nas zonas urbana e rural.

Canola
A cultura da canola está em fase de plena colheita e alguns produtores já haviam conseguido proceder a colheita e salvaram a produção. Por outro lado, Dóro destaca que aquelas lavouras que estão maturando e prontas para colher terão quebras acentuadas na produtividade devido ao excesso de chuva.

Milho
No caso do milho, os agricultores devem aproveitar a umidade para proceder a aplicação de nitrogênio em cobertura para suprir a planta e acelerar o crescimento. A cultura sofreu no início e o produtor não podia faazer a aplicação em função do solo estar muito seco. Assim que cessarem as chuvas e o solo apresentar características que permitam a entrada das máquinas no campo, é recomendada essa aplicação.

Gostou? Compartilhe