As más condições da ERS-324 não são novidade para qualquer um que tenha precisado trafegar por ela nos últimos anos. Não à toa, frequentemente as pessoas se referem a ela como a rodovia da morte, em função dos acidentes que se tornaram corriqueiros. No entanto, alguns trechos atingiram limites críticos de deterioração e ainda não foram interditados pela falta de uma via que pudesse servir de alternativa. Indignados com a situação, empresários da região retomaram as mobilizações para pressionar o governo estadual a recuperar a rodovia.
O empresário Flauri Migliavacca, do município de Casca, foi um dos que tomou a frente do movimento. Indignado com mais uma morte ocorrida no último fim de semana em um acidente possivelmente causado pelas más condições da rodovia, ele entrou em contato com conhecidos para realizar a mobilização. “A estrada está se esfacelando e o asfalto se deteriorando diariamente”, pontua ao lembrar que escapou por pouco de um acidente que também seria causado pelos buracos na pista. Ele destaca o intenso fluxo de pessoas e de produtos que diariamente passam pela rodovia.
Outra crítica do empresário se dá em relação às condições de trabalho de equipes que fazem a manutenção da rodovia. “O pessoal do Daer vem com carrinho de mão para tentar tapar os buracos. Tenho pena dos funcionários que não têm equipamento, não tem nada”, lamenta. Para ele, é necessário o engajamento de toda comunidade regional, inclusive de Passo Fundo, para que o pleito possa ganhar força frente ao governo do Estado.
Comissão
Há cerca de 10 anos foi formada na região uma Comissão Pró Duplicação da ERS-324. O empresário Carlos Mezzomo, também de Casca, é um dos que está à frente do movimento durante esse período. Segundo ele, há cerca de 10 anos a rodovia apresentara condições de trafegabilidade, apesar de problemas com falta de terceiras pistas, por exemplo, que a tornavam ainda mais perigosa. Desde então, alguns trechos tiveram terceiras pistas construídas e alguns pontos modificados para diminuir o risco de acidentes.
No entanto, desde lá as condições da rodovia foram se agravando ano a ano até chegarem ao ponto que está hoje. “A rodovia tem piorado significativamente a cada ano e houve sempre um desleixo. Ela nunca foi cuidada e mantida e chegou nesse estado em que hoje só não é interditada porque não temos outra opção. Se tivesse, seria interditada”, aponta. Um dos piores trechos está entre os municípios de Casca e Vila Maria, cerca de 10 quilômetros onde o asfalto praticamente já não existe. “É intransitável”, resume Mezzomo. Para ele, este trecho precisa de atenção urgente, tanto em melhoria das pistas quanto em sinalização aos motoristas.
Incompetência ou descaso
“Ou é incompetência ou é descaso com a prioridade da vida, da economia, do desenvolvimento, da locomoção, por parte de quem dirige os órgãos responsáveis”, enfatiza Mezzomo. De acordo com ele, estudos realizados pela Comissão apontam que diariamente cerca de 10 mil carros trafeguem pelo trecho. Além disso, os custos de transporte do que é produzido pela região aumenta cerca de 15% devido às más condições da rodovia. “Prefeitos, vereadores e deputados da nossa região precisam se engajar nessa causa”, reforça.
Reparação
Desde o ano passado já foram mais de 500 acidentes na ERS 324, conforme dados da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Casca. Em 2015, foram registrados 321 acidentes na rodovia. Destes, 15 com mortes e 108 com lesões. Já este ano, foram 225 acidentes, em que 71 com lesões e 12 com mortes. O restante representa acidentes com danos materiais.
O deputado estadual do PMDB, Vilmar Zanchin, se solidariza com os números e com os protestos. “Essa reivindicação até com uma ponta de indignação que as pessoas têm, no que se refere a rodovia, e a minha [indignação] também. Eu também que a situação não pode continuar do jeito que está”, afirmou. Ele informou, por telefone, ao Jornal ON, que a empresa vencedora da licitação para restauro do trecho é a Andretta e que falta apenas a assinatura do contrato. “A expectativa é que a obra de restauro comece em 90 dias. Principalmente no trecho próximo a Casca”, garantiu.
Projeto de duplicação
Quanto ao projeto de duplicação da ERS 324, o governo aguarda o andamento do processo que está na Secretaria de Transportes. O deputado disse ter conversado, nesta segunda-feira (7), com o secretário da pasta, Pedro Westphalen. Na ocasião o secretário confirmou que a duplicação depende da conclusão da regulamentação para o lançamento dos editais. O deputado acredita que, se não sair no fim deste ano, deverá sair ainda no início do ano que vem.
Daer
Em nota, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), informou que caminhões estavam no trecho ontem (8) realizando reparos e que as obras deveriam seguir durante esta semana, se não chovesse. Confira a resposta na integra: “Hoje, dois caminhões estão no trecho (um de Passo Fundo em direção a Casca e outro de Casca rumo a Passo Fundo) para realizar reparos emergenciais, que devem prosseguir durante esta semana, se não chover. Esse trecho será recuperado por meio de obras financiadas pelo Banco Mundial. No momento, está em trâmite o processo de contratação da empresa e os serviços começam no primeiro semestre de 2017”.