Enquanto no país a contribuição da agropecuária nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) tem diminuído, na região e no Estado a tendência é de que a situação seja diferente. Os bons resultados registrados nas safras deste ano ajudam a influenciar positivamente no indicativos. Dados do IBGE divulgados nesta semana apontam que o PIB brasileiro caiu 0,8% na comparação do terceiro trimestre de 2016 contra o segundo trimestre do ano na série com ajuste sazonal. O agronegócio, que vinha sustentando o indicador, também apresentou queda.
Este é o sétimo resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. A agropecuária brasileira teve queda de -1,4%, a indústria de -1,3% e os serviços -0,6%. Conforme os dados do IBGE, em comparação ao mesmo período do ano anterior, a agropecuária registrou queda de 6,0%. Algumas culturas mostraram retração na estimativa de produção anual e perda de produtividade, como milho (-25,5%), algodão (-16,9%), laranja (-4,7%) e cana de açúcar (-2,0%).
Região privilegiada
O agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Cláudio Dóro explica que entre os fatores que contribuíram para a menor participação da agropecuária no PIB brasileiro está a queda registrada na safrinha, em torno de 15 a 20 milhões de toneladas em relação ao ano passado. No Estado, por outro lado, foi registrada uma excelente safra de verão, com cerca de 16 milhões de toneladas de soja colhidas, uma das maiores safras da história gaúcha. No milho, apesar da menor área, a alta produtividade permitiu colher cerca de 5 milhões de toneladas. A safra de inverno para diversas culturas também apresentou resultados positivos. Tudo isso leva a acreditar que o Estado esteja na contramão da situação do restante do país.
A influência positiva do agronegócio nos diversos segmentos tem diminuído os efeitos da crise na região, na opinião de Dóro. “Quando o agronegócio vai bem os outros setores também são beneficiados e por isso que o efeito da crise nessa calota norte do Estado é menor”, pontua Dóro.
Boa perspectiva
Para o coordenador da Escola de Administração da Imed, professor Adriano da Silva, o agronegócio na região tem representado um fator positivo para o controle dos efeitos da crise. Ele acrescenta que dependendo do clima para esta próxima safra, fatores externos e internos deverão influenciar na manutenção desta situação favorável á região. Entre elas o rumo da economia norte-americana, quando Trump assumir a presidência dos EUA, e também o possível aumento do valor do petróleo. “Com isso deveremos ter uma possibilidade de que o biocombustível se torne mais acessível e vantajoso no mercado e o preço das commodities deverá mexer positivamente”, comenta.
De janeiro a setembro, PIB acumula queda de 4,0%
Segundo o IBGE, no acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2016 o PIB recuou 4,0% em relação a igual período de 2015. É a maior queda acumulada para o período de janeiro a setembro desde o início da série histórica iniciada em 1996. Nesta base de comparação, agropecuária (-6,9%), indústria (-4,3%) e serviços (-2,8%) acumulam queda.
PIB acumulados em quatro trimestres cai 4,4%
O PIB acumulado nos quatro trimestres terminados em setembro de 2016 recuou 4,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esta taxa resultou da contração de 3,8% do valor adicionado a preços básicos e do recuo de 8,3% nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. O resultado do valor adicionado neste tipo de comparação decorreu das quedas na agropecuária (-5,6%), indústria (-5,4%) e serviços (-3,2%).