As condições do clima nos últimos meses têm exigido dos produtores atenção redobrada às lavouras de soja. O calor e a umidade registrados deixam as condições propícias ao ataque da ferrugem asiática. A doença, que pode ser controlada com o uso adequado de fungicidas, pode causar perdas que variam de 10% a 90% na produtividade das áreas atingidas. No entanto, alguns grupos químicos utilizados no controle tiveram a sua eficiência reduzida. Isso exige do produtor a adoção de novas estratégias para garantir o sucesso da safra.
Quem explica a situação do problema é a professora e pesquisadora do curso de Agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF) Carolina Deuner. Tanto no mês de dezembro de 2016 quanto no mês de janeiro de 2017 foram registradas chuvas com pouco intervalo de dias entre uma e outra. Com o excesso de molhamento das folhas, as condições ficarm propícias ao ataque da doença. Na safra anterior, os primeiros focos de ferrugem em soja comercial foram identificados no início do mês de dezembro de 2015. Nesta safra os primeiros focos foram identificados no final do mês de dezembro de 2016, embora já houvessem focos em soja voluntária.
Até a primeira quinzena do mês de janeiro haviam sido identificados mais de 20 focos de ferrugem na região. A pesquisadora da UPF destaca que todas as condições são favoráveis para a ampliação de focos, por isso os produtores deve adotar boas estratégias de controle. O agricultor deve ter feito a aplicação bem cedo, preferencialmente antes do fechamento das entrelinhas da soja. “Quem já fez a aplicação vai ter mais sucesso se alternar o tipo de fungicida utilizado. Ou seja comprar fungicidas diferentes, não em marca comercial, mas em princípios de ação, grupos químicos diferentes”, orienta.
A recomedação é para que o produtor aplique o fungicida com intervalo de 15 dias para produtos mais novos e de cerca de 12 dias para produtos mais antigos, além de monitorar a lavoura. “Se aumentarem os focos e o clima estiver mais favorável vai ter que entrar com intervalos menores”, orienta. Segundo Carolina, a ferrugem asiática está cada vez mais difícil de ser controlada e isso exige que os produtores comecem cada vez mais cedo as aplicações. Houve uma redução de eficiência de alguns fugicidas, por isso é recomendado que se usem produtos de grupos químicos diferentes entre as aplicações. “A perda pode ser de 10% a 90% dependendo do que vai aplicar, de quando vai entrar e do intervalo de aplicação do fungicida”, destaca.
Identificação
Na fase inicial a ferrugem é difícil de ser diagnosticada. Ela se manifesta por meio de pequenas pontuações nas folhas e na parte de baixo se vê uma elevação do tecido e os esporos do fungo, mas isso usado-se uma lupa de aumento de 20 a 30 vezes. O Laboratório de Fitopatologia da UPF recebe nesta época amostras de folhas de soja de agriculturos e assistentes técnicos para cofirmar a presença ou não da ferrugem. Mesmo assim, de maneira geral, antes da confirmação do problema, os produtores já procedem a aplicação de fungicidas. “Eles sabem que se enxergarem a ferrugem e não tiverem aplicado já é tarde. Eles identificam para ir monitorando o progresso, mas essa detecção na fase inicial é mais difícil”, justifica. Quando os sintomas da doença são mais visíveis o dano já é difícil de ser revertido. Os sintomas mais claros são identificados o baixeiro da planta, que é mais atacado. Pode acontecer desfolha precoce, a folha fica amarelada ou marrom, e cai. “Se esperar esses sintomas já é muito tarde”, reitera.
Dicas
A aplicação inicial deve ser feita ainda no pré-fechamento das entrelinhas porque assim se consegue depositar mais fungicida na parte baixa das plantas.
O produtor deve respeitar o residual do fungicida.
Além disso, é recomendado o uso de diferentes mecanismos de ação do fungicida, quanto mais alternar, maiores são as chances de não ter problema na lavoura.
Mesmo o produtor aplicando o fungicida não é garantia que ele não vai ter a doença, mas ela vai estar sempre controlada.
Para os técnicos, a orientação é acompanhar a evolução dos focos na região e acompanhar as condições climáticas.