Problemas com o excesso ou falta de chuvas em algumas regiões e a recente desvalorização do dólar frente ao real não devem se traduzir em queda nos preços da soja. A avaliação é do presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa, e tem por base a análise do 10º Levantamento Mundial da Safra de Soja 2016/2017, divulgado no início do mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Segundo Marcos da Rosa, a produção e consumo continuam em alta, o que deve garantir a estabilização dos preços em relação à safra passada.
Conforme dados do USDA, as exportações mundiais de soja vão passar de 132,3 milhões de toneladas para 140,1 mi/ton, uma elevação percentual de 5,9 pontos. Os estoques de passagem, que eram de 77,2 milhões, passarão para 80,4 milhões de toneladas. Ainda segundo o levantamento, a produção mundial de soja deve saltar de 313 para 336,6 milhões de toneladas, uma variação positiva de 7,6%. Já a estimativa para o consumo deve passar de 315 para 330,7 milhões de toneladas, um acréscimo de 5% em relação ao ciclo passado.
“É claro que cada um sabe onde a bota aperta e tem as contas para pagar, mas acho que é um ano em que devemos ter calma”, pontua o presidente da entidade destacando que o mundo está necessitando mais soja. “Estamos produzindo mais este ano. Mas o consumo também aumentou. É isto que nós temos de ter em mente para formação dos preços”, pondera.
De acordo com o levantamento do USDA, o volume de soja exportada pelos Estados Unidos vai passar de 52,7 milhões de toneladas para 55 milhões de toneladas nesta safra. A importação chinesa do grão passará de 83 milhões de toneladas para 86 milhões e o consumo chinês chegará a 100 milhões de toneladas, superando os 95 mi/ton do ciclo passado. Segundo o presidente da Aprosoja Brasil, os produtores têm de ficar de olho nas informações reais de mercado, que podem fazer com que os preços aumentem e melhorem a rentabilidade.
“Quando olhamos os números mundiais divulgados pelo USDA, números sobre os quais há controvérsias, vemos que o consumo está aumentando praticamente na mesma proporção que a produção e as exportações. Os números sendo muito parecidos aos do ano passado, quando tivemos perdas provocadas pela seca. Chegou a faltar soja no Brasil para moagem interna. Exportamos muito mais e chegamos ao ponto de, no final do ano, termos de buscar soja nos Estados Unidos. Acho que é bom o produtor ter estes números na cabeça e passar para o mercado que a situação de produção e consumo continuam praticamente a mesma. Não há motivo para defasagem tão grande de preços em relação à safra passada”, salienta.
A comercialização da soja brasileira nesta safra atingiu 4% da produção. Os cálculos são da consultoria AgRural. Em Mato Grosso, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (IMEA), 60% da soja já foi comercializada. Cálculos também do IMEA projetam o preço da paridade de exportação da saca de soja entre R$ 60 e R$ 68 no porto.