Nova cultivar é apresentada na Expodireto

Material está em fase de testes a campo e apresenta alto teor de matéria seca e baixo teor de açúcar, além de ser tolerante à requeima e ao ataque de insetos

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Uma nova cultivar de batata mais resistente e com boas características industriais está sendo testada pelo Laboratório de Biotecnologia da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo (FAMV/UPF). O material X11-22 se destaca na qualidade de tubérculo, principalmente em relação à indústria (produção de chips e batata palito), por conter alto teor de matéria seca e baixo teor de açúcar, produzindo chips crocantes e que não escurecem. Além disso, se comparado a outras cultivares já existentes, o material também se mostrou produtivo, resistente a doenças e tolerante a ataques de insetos. O clone está em fase de testes de valor de cultivo e uso a campo para fins e registro e proteção junto ao MAPA, e, em breve, poderá ser lançado como nova cultivar de batata.
Na UPF, a produção de mudas de batata-semente da categoria básica é realizada no há mais de 20 anos. No ano de 2016, foram produzidas em torno de 23 mil mudas de batata, atendendo a produtores de batata-semente do Rio Grande do Sul e do Paraná. Além da produção de batata-semente, em 2007, iniciaram as pesquisas para desenvolvimento de uma nova cultivar, quando foram realizados cruzamentos entre vários materiais de batata, visando à obtenção de um material promissor, especialmente para utilização na indústria. A professora e engenheira agrônoma Dra. Lizete Augustin é a responsável pela condução dessas pesquisas na UPF.
A engenheira agrônoma Marilei Suzin, que atua no Laboratório de Biotecnologia e na pesquisa da nova cultivar, destaca que há grande procura por material local, uma vez que a maioria das cultivares é importada e, muitas vezes, o material não é adaptado e acaba ocasionando perda de produção. “No Rio Grande do Sul, existe um grande mercado consumidor potencial para a batata processada, principalmente em forma de palitos pré-fritos congelados”, comenta, destacando que o lançamento de materiais com potencial produtivo e com qualidade de processamento poderá contribuir para incentivar a industrialização da batata na região, contribuindo para maior sustentabilidade dos pequenos produtores. “Isso fará com que eles permaneçam na atividade, fortalecendo a economia da região”, conclui.

Produção de mudas de batata
O processo de produção de mudas de batata inicia a partir da cultura de meristemas em laboratório, o que permite obter plantas livres de doenças, principalmente viroses. O processo não é simples: os meristemas são multiplicados no laboratório e fornecidos em forma de mudas, ainda in vitro, para os produtores de batata-semente que, em sistema de hidroponia ou cultivo em estufa, aclimatizam as mudas para obter tubérculos de batata-semente da categoria básica G1. Estes, posteriormente, são multiplicados a campo por dois ou três ciclos para a obtenção de batata-semente de categorias mais avançadas (G2 e G3). Após esse processo, os tubérculos são repassados para produtores, que fazem o plantio e a produção das batatas destinadas ao consumo (mercado).
Recentemente, um diferencial foi agregado à prestação de serviço desse laboratório, que, além de ser credenciado junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como mantenedor de seis cultivares de batata (Baronesa, Ágata, Atlantic, Macaca, Cupido e Asterix), conquistou o Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM) para certificação da produção própria de sementes e mudas de batata. Com isso, está apto a fornecer o certificado de mudas para que os produtores possam fazer a inscrição de seus campos de produção junto ao MAPA. No Rio Grande do Sul, praticamente não existe instituição com RENASEM que disponibilize batata-semente básica com qualidade fitossanitária comprovada aos produtores.

Gostou? Compartilhe