Com mais de 55% da soja colhida, a expectativa de supersafra se comprova nas lavouras da região. Rodrigo Schmaedecke, proprietário de uma área de cerca de 800 hectares de soja plantada, não lembra de ter presenciado uma colheita tão produtiva. “Estamos colhendo em média 80 sacas por hectare. É a primeira vez que temos uma safra assim, está batendo record de produtividade”, pontua. Os agricultores, que no ano passado fecharam com uma produção entre 55 e 60 sacas por hectare, comemoram os números deste ano: 70 sacas/h, conforme estimativa da Emater. Foram aproximadamente 575 mil hectares plantados em toda região, um aumento de 2% em relação a 2016.
A colheita do grão começou na segunda quinzena de março e deve se estender por mais uns 20 dias. No auge da colheita, com jornadas de trabalho intensas que começam por volta das 9h e se estendem até o anoitecer, o engenheiro agrônomo da Emater Claudio Doro estima que, da parte que ainda falta, 30% da soja já está pronta para a coleta. “A colheita avança rapidamente. A medida em que vão retirando soja da lavoura, vai sobrando máquina e a colheita prossegue mais rápido ainda. Os produtores estão satisfeitos e a produtividade está muito boa”, esclarece o especialista.
De um lado, as tecnologias e defensivos agrícolas garantiram o grão frente a pragas e doenças. Do outro, o clima fez o seu dever de casa. Os dias de chuvas e de sol intercalados, durante os últimos meses, estão propiciando um aumento de 10% na produtividade, se comparado com o ano passado. “É a melhor safra da história gaúcha em termos de produtividade. Choveu desde a formação da lavoura, no mês de outubro, até há poucos dias. Agora estamos sendo agraciados com dias secos, propício para colheita. Também temos a questão tecnológica: os agricultores conduziram as lavouras com alta tecnologia, principalmente, uma boa adubação e conservação do solo, que associado ao clima está tendo como resultado essa safra fantástica”, afirma Doro.
Apesar do clima ideal para a soja, Doro salienta que em algumas propriedades, a porcentagem de umidade do grão está um pouco abaixo do ideal. “A qualidade do grão está bom, só um pouco seco. Se chovesse um pouco nesta semana, ia molhar o grão e acrescentar peso”, diz.
Preço
Enquanto a qualidade do grão não peca, o preço deixa a desejar para os produtores rurais. Schmaedecke conta que no ano passado conseguia vender a saca por R$ 85. “O lucro vai ficar parecido com o do ano passado, porque esse ano a saca está em R$ 60 mais ou menos”, informa o produtor. Conforme o especialista da Emater, há um ano a saca de 60 kg da soja estava cotada a R$ 70 em Passo Fundo. Hoje, a saca fica em torno de R$ 58,50. “A soja perdeu em torno de 15% em termos de preço. O agricultor comemora a safra, mas o preço preocupa porque despencou”, aponta Doro. Se no ano passado o protagonismo foi no preço, esse ano será da qualidade do grão.
No Estado
A colheita da soja avança de forma significativa no Rio Grande do Sul e atinge 35% da área cultivada. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, no momento é grande a variação de produtividade entre as áreas colhidas, com a média muito superior à estimada recentemente, situando-se entre 65 e 75 sacas de 60 kg por hectare, sendo que em determinadas áreas, produtores citam extremos entre 48 e 94 sacas (de 60 quilos). Devido a pouca chuva registrada nos últimos períodos, algumas lavouras apresentam vagens maduras, grãos com umidade abaixo do ideal e hastes com folhas verdes, o que prejudica a colheita. Atualmente, 49% das lavouras de soja estão maduras e por colher e 26%, em enchimento de grãos.