90% dos produtores recorrem ao seguro agrícola ou ao Proagro

Cultura foi a mais prejudicada pelas condições climáticas adversas deste ano. Nas demais culturas, condições de lavouras são consideradas médias

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Lavoura de canola é a mais sacrificada pelas condições climáticas do inverno 2017Lavoura de canola é a mais sacrificada pelas condições climáticas do inverno 2017
Lavoura de canola é a mais sacrificada pelas condições climáticas do inverno 2017
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A canola é a cultura mais prejudicada pelas condições climáticas adversas desta safra de inverno. Conforme dados da Emater Regional de Passo Fundo, cerca de 90% dos produtores que investiram na oleaginosa estão recorrendo ao seguro agrícola ou ao Proagro devido às perdas registradas. Nas demais culturas, o padrão das lavouras é considerado médio, mas ainda é muito cedo para definir percentuais de perda, devido ao estágio de desenvolvimento das plantas.

O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, explica que a canola ocupa cerca de 5,6 mil hectares na região e é a lavoura mais sacrificada. Logo no início do cultivo, após o plantio, foram registrados 20 dias de chuva que causaram problema de compactação de solo, erosão, problema de germinação e de plantas com desenvolvimento desuniforme. Depois ocorreram geadas e uma estiagem de mais de 50 dias. “Das culturas no campo é a que mais foi atingida pelas condições climáticas adversas. Temos mais de 90% das propriedades que plantaram canola recorrendo ao seguro agrícola ou ao Proagro. Estão prevendo produtividade insuficiente para custear o plantio. Estamos fazendo perícias para fazer a avaliação de perdas, mas é a lavoura mais comprometida”, reitera.

Padrão de lavoura abaixo do ideal

O clima neste ano tem apresentado condições piores em relação ao do ano passado para o trigo e a cevada. Em junho houve o excesso de chuva. Foram 20 dias consecutivos que atrasaram os tratos culturais e estragou o solo. Após isso as lavouras de trigo foram implantadas, mas muitos produtores acabaram desistindo de plantar. “Depois tivemos um período bem longo de estiagem. Foram 53 dias com apenas 24mm de chuva. Nesse intervalo em 17, 18 e 19 de julho tivemos três geadas fortes. As plantas já estavam em estresse hídrico e com a geada elas pararam o crescimento”, pontua Dóro.

Além de paralisarem o crescimento, foi registrado o amarelecimento das folhas mais baixas das plantas, muitas morreram por falta de umidade e o adubo que havia sido colocado não se dissolveu e não foi absorvido pelas plantas que acabaram ficando muito debilitadas. Neste cenário, ainda surgiram doenças como manchas foliares e o oídio no trigo e na cevada.  “O produtor e não tinha como fazer controle devido à baixa umidade relativa do ar. As plantas sofreram bastante. Há poucos dias tivemos uma chuva de 38 a 40mm que foi boa e propiciou a retomada dos trabalhos de campo, principalmente aplicação de defensivos agrícolas, e aplicação de nitrogênio em cobertura”, pondera.

Dano ao potencial produtivo é irreversível

O trigo ainda está em fase de desenvolvimento vegetativo e tem um certo poder de recuperação, no entanto, o dano ao potencial produtivo da cultura é considerado irreversível pelo engenheiro agrônomo. “Não vamos ter uma safra tão boa quanto a do ano passado. Hoje o padrão das lavouras é médio devido a esses problemas climáticos”, reforça. O trigo entra na fase crítica do desenvolvimento a partir de setembro. A expectativa é para que daqui pra frente as chuvas sejam regulares e não ocorram geadas, que poderiam agravar ainda mais a situação de perda.

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