Falta de chuva pode trazer prejuízos à soja

Desde o dia 28 de janeiro não há registro de chuva em Passo Fundo. Em processo de enchimento de grão, a falta de água pode causar quedas na produtividade da oleaginosa

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Soja ainda está com boas condições, mas falta de água nos próximos dias deverá provocar prejuízos ao desenvolvimento do grão, conforme técnico da EmaterSoja ainda está com boas condições, mas falta de água nos próximos dias deverá provocar prejuízos ao desenvolvimento do grão, conforme técnico da Emater
Soja ainda está com boas condições, mas falta de água nos próximos dias deverá provocar prejuízos ao desenvolvimento do grão, conforme técnico da Emater
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Há mais de dez dias de tempo seco, a falta de chuva na região começa a preocupar produtores e técnicos na lavoura. A safra da soja está em processo de enchimento de grão e nesta fase a água é essencial para o desenvolvimento da cultura. Se a estiagem persistir, as condições climáticas podem prejudicar o crescimento do grão e representar perdas na produtividade e no lucro.


As plantas ainda estão em condições normais devido ao grande volume de chuva registrado em janeiro, que proporcionou uma reserva de água no solo. No primeiro mês do ano foram registrados 205 mm, 55 a mais do que a média. Apenas do dia 21 ao dia 28 choveu 140mm, em toda a região norte do estado. Porém, desde o dia 28 não houve mais registro de chuva em Passo Fundo.


“São entre 11 e 12 horas de sol por dia com temperaturas entre 16°C e 30°C. Nós temos uma evaporação da água muito grande, tanto do solo quanto em termos de transpiração da planta. Neste momento [enchimento de grão], a soja tem um consumo muito grande de água, ela necessita em torno de 4 mm por dia para favorecer o crescimento do grão. Se faltar água, isso resultará em um grão miúdo e com menos peso. O que representa menor produtividade e, consequentemente, menor lucro”, preocupa-se o engenheiro agrônomo da Emater, Cláudio Dóro.


Para o milho, o tempo seco é benéfico, já que o grão está em fase de secagem e colheita e precisa ser retirado da lavoura sem umidade. Apesar da condição climática favorável no momento, o mês de dezembro castigou a cultura. A estiagem de dezembro, que se estendeu até a metade de janeiro, ocasionou uma queda de 25% na produtividade, conforme Dóro.


O período de pouca chuva, consequência do fenômeno La Niña, já estava previsto. O engenheiro agrônomo pontua que essas condições climáticas, somadas ao alto custo de produção e aos baixos preços estão afastando os agricultores da cultura. Nesta safra, a Emater contabiliza 51.622 hectares de milho plantado, a menor área plantada dos últimos 47 anos. Em relação ao ano passado, a queda é de 18%.


Previsão de chuva
Para os produtores dos 621.781 hectares de soja plantados na região, a previsão do tempo traz notícias boas. O observador meteorológico da Embapa Trigo, Ivegndonei Sampaio, informa que a massa de ar seco, que predominou desde o dia 29 de janeiro, perde força a partir de quinta-feira (8), devido ao aumento da nebulosidade na região.


Para hoje, o tempo ainda deverá permanecer nublado, com mínima de 17°C e máxima de 30°C. Na sexta-feira (9), já há possibilidade de chuva, com dia de nublado a encoberto. Temperaturas entre os 18°C e os 31°C. As áreas de instabilidade ganham força no fim de semana, com risco de temporais localizados com trovoadas e rajadas de vento. No sábado (10), o clima fica abafado. Mínima de 20°C e máxima de 28°C. No domingo à noite, as temperaturas entram em ligeiro declínio. Termômetros entre os 18°C e os 25°C.


O feriado de Carnaval pode vir acompanhado de temperaturas amenas. A previsão estendida alerta para chuva nos dias 12, 13 e 14. As mínimas ficam entre 12°C e 14°C e as máximas entre 20°C a 22°C.


Estiagem em 2005
Conforme Sampaio, o menor volume de chuva dos últimos 18 anos foi em 26 mm em fevereiro de 2005. De lá para cá, todos os meses de fevereiro registraram chuvas dentro da média. No ano passado choveu 167 mm no segundo mês do ano. A média é de 166mm. Para esse ano, os meteorologistas afirmam que as chuvas devem ficar abaixo do padrão do verão. “O La Ninã está atuando no sul e no oeste do estado, onde já há cidades em situação de racionamento. Para nós ele atuou em dezembro, quando choveu 50% (82mm) da média que é de 173mm. No início de janeiro, o fenômeno ameaçou atuar até pelo menos o dia 20”, complementou o observador meteorológico.

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