Chuva beneficia soja em momento crítico

Plantas já apresentavam sinais de estresse hídrico e devem se recuperar com a chuva dos últimos dias

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Chuvas do início da semana foram fundamentais para reduzir estresse hídrico das lavouras de sojaChuvas do início da semana foram fundamentais para reduzir estresse hídrico das lavouras de soja
Chuvas do início da semana foram fundamentais para reduzir estresse hídrico das lavouras de soja
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A chuva dos últimos dias representou um alívio aos produtores de soja que estavam ansiosos em função das condições das lavouras. A cultura está em fase de enchimento de grãos, que é um dos momentos críticos da planta no qual ela demanda mais água. Com a falta de chuva, as plantas já apresentavam sinais visíveis de estresse hídrico, o que deve ser revertido com a precipitação registrada no início da semana.


A maior parte das lavouras da região de abrangência da Emater Regional de Passo Fundo está em fase de enchimento de grão e apenas 1% em fase de maturação. As lavouras que estão em enchimento de grãos estão na metade desta etapa do ciclo de desenvolvimento da planta. O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, explica que nesta fase a planta necessita de 4mm de água por dia para que possa expressar todo seu potencial produtivo. No entanto, no mês de fevereiro, antes das chuvas de segunda e terça-feira, o acumulado registrado pela Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet era de apenas 10mm, enquanto o esperado para o mês era de pouco mais de 165mm.


Com o déficit hídrico acentuado, as plantas já apresentavam sinais de estresse. “As folhas de baixo estavam amarelando e caindo. É o instinto de autoproteção da planta quando está em estresse, as folhas mais velhas começam a cair. Além disso, nas horas mais quentes do dia, as folhas da planta se viravam e a lavoura ficava meio acinzentada, e era uma forma de se protegerem”, explica Dóro. Além disso, nos últimos dias as plantas recebiam 12 horas de luz por dia e temperaturas entre 15ºC e 28ºC, que deixavam a evapotranspiração intensa.


Com o retorno da chuva, Dóro explica que ainda na segunda-feira era possível ver as plantas com aspecto melhor. “Já se via as plantas mais túrgidas e com as folhas normais. E mais umas duas chuvas encerra o ciclo das plantas e se terá uma safra boa. Julgo que será uma safra um pouco inferior a do ano passado em que tivemos um regime de chuvas excepcional”, compara com a safra anterior. A umidade também é fundamental para que os produtores possam retomar os tratos culturais da lavoura a fim de manter o bom aspecto fitossanitário apresentado até o momento. “O agricultor fez aplicações preventivas para evitar que pragas e doenças se instalassem, além disso, o clima não era favorável para a instalação de doenças fúngicas e o aspecto fitossanitário é muito bom. Agora, com o retorno das chuvas e da umidade, tem que ficar de olho porque é um prato cheio para as doenças de final de ciclo se instalarem, principalmente a ferrugem”, alerta.


Faltando ainda cerca de um mês para as lavouras alcançarem o pico da colheita, os produtores devem ficar atentos ao monitoramento a fim de evitar perdas. “Todo cuidado é pouco, se negligenciar alguma coisa pode ter reflexo negativo na produtividade”, reforça. O momento também exige atenção dos produtores ao mercado. Com a reação dos preços da soja nas últimas semanas é o momento do agricultor ficar atento para avaliar as melhores oportunidades de venda.


Milho
A colheita do milho já começou na região e as primeiras áreas colhidas apresentam uma diminuição da produtividade, reflexo da falta de umidade enfrentada pelas plantas. A estimativa inicial era de se colher cerca de 8,5 mil quilos por hectare, mas a média até o momento tem ficado próxima dos 7 mil quilos.


No Estado
De acordo com o último informativo conjuntural divulgado pela Emater RS, o percentual de milho colhido atinge 32% das lavouras plantadas nesta safra, ficando dentro da média para o período. Na região administrativa de Santa Rosa, importante produtora do grão e que tradicionalmente começa a colheita da safra, o percentual chega a 72%. Nessa região, conforme informações dos técnicos locais, a produtividade média das lavouras sem irrigação está em torno de 7 mil kg/ha; as irrigadas alcançam pouco mais de 10 mil kg/ha. Ao Leste, na região de Ijuí, o percentual é semelhante e os rendimentos médios superam os 8 mil kg/ha.


No informativo, os técnicos avaliam que, tendo em vista a inconstância das chuvas ao longo do ciclo dessas lavouras, esses rendimentos podem ser considerados excelentes. Porém, as lavouras situadas ao Sul não devem se aproximar desses patamares, influenciando de modo negativo a média geral para o estado.


Assim como no milho, a soja começa a registrar as primeiras colheitas também na região administrativa de Santa Rosa. Mais precisamente na Fronteira Noroeste, cerca de 2 mil hectares já foram colhidos, com produtividade média de 3 mil kg/ha. No caso da oleaginosa, é prematuro extrapolar esses resultados para as demais regiões, principalmente pelo comportamento observado nas condições meteorológicas até o presente. Todavia, a tendência, segundo técnicos, é que a metade Norte não se distanciará muito do esperado inicialmente. A metade Sul seguramente terá dificuldade em obter rendimentos aceitáveis.

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