A Barragem do Capingui passará por obras de modernização das instalações nos próximos meses. Em virtude disso, a usina não gerará energia elétrica nos próximos 90 dias e deverá recuperar seu nível de água. As informações foram anunciadas pelo coordenador de Meio Ambiente, Diego Heck, e pelo responsável da divisão de instalações da Companhia Estadual de Energia Elétrica, Marcelo Frantz, durante visita técnica ao Capingui na manhã de ontem (27). A CEEE é a administradora do reservatório.
Já foi realizada uma manutenção semelhante na Barragem de Ernestina. O investimento total previsto na atualização tecnológica das duas usinas é de R$ 10 milhões. Será realizada uma troca dos equipamentos. As obras, porém, não têm relação com o baixo nível da barragem, conforme Frantz. Atualmente, o volume de água está 5,7 metros abaixo do nível normal.
Apesar de afirmar que é considerado um nível de alerta para essa época do ano, Frantz garante que a companhia monitora o reservatório. O técnico aponta que de novembro a maio, baseado em dados estatísticos – da série histórica iniciada em 1958 –, se tem um rebaixamento do nível de água. De maio em diante, inicia o período de maior precipitação e a barragem recupera seu nível.
“O reservatório de uma usina tem essa função, ele é construído para armazenar água nos períodos de chuva e utilizar nos períodos de estiagem, que é o que estamos presenciando no momento. Similar ao que aconteceu em 2011 e 2012, em que a gente também teve repercussão do efeito La Niña e os reservatórios chegaram a níveis próximos do estado de alerta”, argumenta Marcelo Frantz.
Autoridades mobilizadas
Na quinta-feira (22) da última semana, a Barragem do Capingui foi tema de reunião na Câmara de Vereadores de Passo Fundo. O encontro proposto pelo vereador Márcio Patussi contou com a presença de lideranças políticas de Passo Fundo, Marau e Mato Castelhano, Ministério Público, além de representantes de entidades e de moradores da orla. O objetivo foi buscar uma solução a fim de evitar que o nível do reservatório baixe além do necessário para a geração de energia.
No encontro, o promotor de justiça Paulo Cirne destacou que o Ministério Público acompanha a situação há vários anos na tentativa de convencer a CEEE de que a operação precisa ser modificada a fim de se evitar que ela chegue a níveis tão baixos. Também foi mencionado um estudo realizado por uma empresa privada, contratada pelos moradores do entorno da Barragem, que ao longo de um ano identificou as falhas. Os resultados foram apresentados à Fepam – que concede a licença de operação do reservatório – e ao departamento de Recursos Hídricos do Estado. Este segundo órgão discordou dos resultados e se negou a fazer novas exigências à CEEE. Já a Fepam, ao analisar os dados, considerou, em março de 2016, que haveria a necessidade de revisão da licença de operação com o objetivo de readequar os procedimentos operacionais. Até a data da reunião, nada havia sido feito. Municípios como Marau e Mato Castelhano têm interesses em regularizar a ocupação da orla como forma de estimular o turismo.
Dentre os encaminhamentos propostos a partir da reunião, ficou acordado que o grupo se mobilizaria para conseguir uma reunião com o Setor de Barragens da Fepam. Neste encontro seria apresentada novamente a situação e se buscaria a possibilidade de alteração na licença de operação. Além disso, o deputado Juliano Roso havia protocolado ainda na manhã do dia 22 um pedido de uma realização de Audiência Pública em Mato Castelhano para se debater a situação. Da mesma forma os representantes de deputados estaduais se comprometeram em participar destas articulações.
Questionado sobre o funcionamento da usina com as comportas totalmente abertas durante o período de estiagem, Marcelo Frantz garantiu que uma das unidades é automatizada e dispensa a intervenção humana.
Durante as obras
Nos 90 dias em que a água da barragem não será utilizada para gerar energia elétrica, o nível do reservatório deverá subir conforme Frantz. A usina é composta de três unidades geradoras com uma potencia total instalada de 3,76 megawatts. Neste período, a companhia faz uma manobra no curso da água para preservá-la. O objetivo é que quando houver o retorno do funcionamento da usina, ela esteja disponível para uma das funções pela qual ela foi armazenada, que é a geração de energia elétrica.