Adesão à greve é baixa em Passo Fundo e região

Paralisação no Brasil iniciou na segunda-feira (12). Na região de Passo Fundo, defasagem de profissionais da área da entrega varia entre 70 e 100 pessoas

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Os trabalhadores dos Correios iniciaram greve na segunda-feira em todo o Brasil. Em Passo Fundo, no entanto, a adesão dos trabalhadores ao movimento foi baixa no primeiro dia. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT) o movimento é contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS); a terceirização na área de tratamento; a privatização da estatal; suspensão das férias dos trabalhadores, como em 2017; extinção do diferencial de mercado; descumprimento da cláusula 28 do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que trata da assistência médica da categoria, e contra a redução do salário da área administrativa. Além disso, entre as demandas estão a contratação de novos funcionários via concurso público, a segurança nos Correios e o fim dos planos de demissão.


Na região de Passo Fundo, a defasagem no número de profissionais para a entrega das correspondências está entre 70 e 100 pessoas, e isso tem influenciado nos atrasos registrados. Conforme informações do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect-RS), a adesão está baixa em relação a outras regiões do Estado. Mesmo assim, a comunidade deve sentir os reflexos da greve. Importantes centros de distribuição em São Paulo e Porto Alegre aderiram ao movimento e o reflexo ocorre em efeito cascata. No Estado, a defasagem de profissionais é estimada entre 800 e 1100 carteiros.


Reivindicações
Conforme a FENTECT, um dos principais ataques da ECT é voltado ao plano de saúde da categoria, que recebe, em média, R$ 1600,00 (o pior salário entre empresas públicas e estatais) e, agora, no que depender da direção dos Correios, ainda terá que arcar com mensalidades no plano e a retirada de dependentes. Além disso, o benefício poderá ser reajustado conforme a idade, chegando a mensalidades acima de R$ 900,00.
A empresa também iniciou 2018 extinguindo o cargo de Operador de Triagem e Transbordo (OTT), importante para o movimento do fluxo postal interno, visando a terceirização nos Correios. Já anunciou a redução da carga horária e os salários dos trabalhadores administrativos, como reflexo da reforma trabalhista. Para piorar a situação, a empresa também anunciou o fechamento de mais de 2500 agências próprias, por todo o Brasil.


População é prejudicada
Segundo a Federação, essas situações tendem a prejudicar ainda mais os serviços à população. A FENTECT esclarece que alguns argumentos repassados transmitem uma visão enganosa da realidade na estatal. Por exemplo, quanto ao monopólio dos Correios, que, hoje, corresponde apenas a cartas, malote e telegrama. O segmento de encomendas, como o Sedex, entretanto, sempre foi concorrencial.
Quanto ao reajuste dos preços dos serviços da estatal, a federação e toda a categoria concorda com a sociedade e discorda de aumentos abusivos nos valores. Por isso, os trabalhadores apoiam o direito da população ao cobrar que não haja excessos nas contas a serem pagas. Já em relação ao argumento da ECT para esse reajuste, a respeito da segurança dos trabalhadores, a FENTECT esclarece que não há nenhum benefício pago ao trabalhador por esse motivo, bem como nenhum adicional.

Empresa
Os Correios se manifestaram por meio de nota oficial, na qual admitem que a greve é um direito do trabalhador. “No entanto, um movimento dessa natureza, neste momento, serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios e afeta não apenas a empresa, mas também os próprios empregados. Esclarecemos à sociedade que o plano de saúde, principal pauta da paralisação iniciada nesta segunda-feira (12), foi discutido exaustivamente com as representações dos trabalhadores, tanto no âmbito administrativo quanto em mediação pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e que, após diversas tentativas sem sucesso, a forma de custeio do plano de saúde dos Correios segue, agora, para julgamento pelo TST”, contrapôs. Segundo a nota, a empresa aguarda uma decisão conclusiva por parte do TST para tomar as medidas necessárias, mas ressalta que já não consegue sustentar as condições do plano, concedidas no auge do monopólio, quando os Correios tinham capacidade financeira para arcar com esses custos.

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