A caravana do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ainda não chegou a Passo Fundo, mas já repercute em todos os cantos da cidade. O encontro, marcado para sexta-feira (23), deve reunir apoiadores e manifestantes contrários à figura do petista, que mesmo tendo sido condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região (TRF4), seguiu sua viagem pelo país a fim de lançar sua pré-candidatura a presidência da república e retornar ao Palácio do Planalto que ocupou por oito anos. Uma das manifestações vem de dentro da própria Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), local que deverá sediar o encontro da caravana de Lula com a população passo-fundense. Em nota, o Diretório Acadêmico Rudah Jorge (DARJ), se mostrou contrário a presença do ex-presidente no campus. De acordo com o presidente da organização, Alisson Hammes, apenas oito dos 110 alunos se mostraram favoráveis ao evento. “O DARJ entende que, tratando-se de uma instituição pública federal, não cabe à UFFS servir de palco para políticos sabidamente em campanha”, consta na nota, que separa um trecho do estatuto da instituição em que se diz “pública, laica e apartidária”.
“A realização dentro da UFFS trará atividades que impossibilitarão a rotina da instituição e oferece risco à integridade patrimonial do campus”, disse o representante dos estudantes. Na sexta-feira (23), as aulas da universidade serão remanejadas para outros locais, para evitar que sejam interrompidas pelo movimento. “A UFFS preza o seu conceito de universidade pela pluralidade de ideologias e liberdade de opinião. Tão logo soubemos que a caravana passaria pelo campus, fizemos uma reunião com todos os alunos e falamos desta possibilidade. Receberemos o ex-presidente Lula como recebemos todos os outros políticos que passam pela universidade e que aqui vêm para compartilhar suas ideias”, afirmou o diretor da unidade, Vanderlei de Oliveira Farias. A movimentação no campus deve iniciar, na sexta-feira, por volta das 13h. O local reservado para as manifestações do ex-presidente é o estacionamento da universidade, agora localizada na área do antigo quartel. “Em nenhum momento obrigamos que os alunos participassem do evento. Por causa do barulho e para que ninguém tenha prejuízo, reorganizamos as aulas e estamos zelando pela segurança da universidade e de todo seu entorno”, completou Vanderlei.
Novas manifestações à vista
A vinda de Lula não se encerra com as manifestações dos estudantes da UFFS. Na sexta-feira, outros grupos deverão se reunir tanto no Aeroporto Lauro Kortz quanto no próprio campus da universidade para protestar ou apoiar o ex-presidente. O PT está organizado para mobilizar todas as entidades e movimentos sociais e políticos vinculados ao partido. De acordo com com o presidente municipal da sigla, Jorge Menezes, logo em sua chegada haverá uma conversa com os dirigentes da UFFS, militantes e lideranças do partido e imprensa no auditório da universidade. Depois disso, Lula - que deverá estar acompanhado de outras lideranças estaduais e nacionais do partido, além do do ex-governador do RS, Tarso Genro, e da ex-presidente Dilma Rousseff - irá então para o palco posicionado no estacionamento do campus, onde conversará com o público. “Todos ficarão em Passo Fundo durante cerca de duas horas, porque depois seguem a Porto Alegre. A expectativa é reunamos cerca de 13 mil pessoas no ato”, disse Jorge.
Enquanto o ato acontece, militantes contrários aos petistas também se organizam para protestar no campus. Um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre (MBL) de Passo Fundo, Ricardo Schons Boller, afirmou que vários grupos estão organizados para manifestarem-se contra a caravana petista. “A manifestação envolve muitos grupos, e não só o MBL. Uns vão ao aeroporto, outros ficarão na UFFS. Somos em bastante gente disposta a mostrar a insatisfação com os governos do PT”, disse ele. Também deverão participar desta mobilização alguns representantes da Câmara de Vereadores, como o parlamentar Roberto Toson (PSD), e o Sindicato Rural de Passo Fundo.
A segurança
A Brigada Militar anunciou que pretende reforçar o policiamento na sexta-feira, em Passo Fundo, durante a permanência do ex-presidente Lula na cidade. Segundo o comandamente do 3º RPMon, major Paulo César Carvalho, serão empregados efefetivos do Pelotão de Operações Especiais (POE), Rocam e também do 3º Batalhão de Operações Especiais (BOE).
Lula em Santa Maria
No segundo dia da caravana pelo Rio Grande do Sul, a passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Santa Maria, também foi marcada por manifestações favoráveis e contrárias. Os protestos ficaram por conta de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL), que seguravam faixas, cartazes e bonecos. Nas proximidades do campus da Universidade Federal de Santa Maria, houve inicio de confusão com os apoiadores do ex-presidente. A confusão teve de ser controlada pelo Batalhão de Operações Especiais. O clima também ficou tenso no lado de fora do prédio da reitoria, onde Lula se reuniu com a direção da entidade para discutir demandas na área de educação, ciência e tecnologia, além de comentar os constantes cortes de verbas federais. Nesta quarta-feira, a Caravana estará em São Borja.