O Dia do Índio foi marcado por conflito e morte na reserva de Ventarra, no município de Erebango, região do Alto Uruguai. O confronto entre dois grupos rivais, na manhã de ontem, causou a morte do jovem Anderson Farias de Oliveira, 23 anos, e deixou outro índio ferido.
A confusão teria iniciado por volta das 7h, e só terminou três horas depois, com a chegada de policiais da Brigada Militar e Polícia Civil, de Getúlio Vargas e do 3º Batalhão de Operações Especiais (BOE), de Passo Fundo. Os policiais formaram um cordão de isolamento para afastar os grupos rivais.
Segundo informações, Anderson foi morto com vários tiros de espingarda, em frente a sua residência. Durante o conflito, pelo menos cinco casas foram incendiadas. O Corpo de Bombeiros de Erechim e Getúlio Vargas, se deslocaram até Ventarra para controlar as chamas.
Delegado da Polícia Civil de Getúlio Vargas, Jorge Fracaro Pierezan, esteve na reserva no início da manhã. Segundo ele, o conflito teria sido motivado por briga de poder entre grupos rivais. Motivo pelo qual, outros boletins de ocorrência já haviam sido registrados anteriormente. O local foi isolado e técnicos do Instituto Geral de Períciais (IGP) fizeram o levantamento na área. Confomre Pierezan, a policia ainda não tem suspeitas sobre a autoria do homicídio. "Estamos avaliando a situação. Caso fique comprovado que se trata de questões envolvendo direitos indígenas, o caso poderá ser encaminhado e investigado pela Polícia Federal", observou.
O outro índio baleado, Bruno Fortes, 21 anos, foi socorrido e levado para a Fundação Hospitalar Santa Terezinha. Informações preliminares dão conta de que ele faz parte de grupos rivais.
Briga pelo poder
Uma das versões para o conflito de ontem, não confirmada pela Polícia Civil, é de que o cacique, que assumiu o comando há poucos meses, teria permitido a entrada de índios vindos de outras Reservas. Além disso, estaria pressionando a saída de nativos dissidentes.
Conflito já havia provocado morte em 2015
Anderson Farias de Oliveira, não foi a primeira vítima de uma briga que se arrasta há vários anos, na reserva de Ventarra. Em fevereiro de 2015, pela mesma motivação, a troca de tiros entre grupos rivais, provocou a morte de Lourita Manoel Antônio, 37 anos, e deixou outras quatro feridas. O grupo de outra reserva havia ido até Ventarra visitar parentes, quando ocorreu o conflito.
Reserva de Ventarra
A demarcação original da Reserva de Ventarra ocoreu em 1911 pelo Goveno do RS. A área tem 772,95 hectares, parte no município de Erechim e outra em Erebango. Segundo censo do IBGE de 2010, a população era de 196 índios caingangues.