Inaugurada há menos de dois meses, a nova central de resíduos, às margens da BR 386, no município de Victor Graeff já recebe resíduos de aproximadamente 50 municípios, incluindo Passo Fundo. A meta é triplicar esse número.
Estrutura para isso não será problema. Com uma área de 51 hectares, sendo 29 deles destinada para preservação, a nova unidade da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), tem campacidade para receber cerca de 700 toneladas de resíduos por dia.
A unidade na região vai representar uma economia de aproximadamente 18% nos cofres da Companhia de Desenvolvimento de Passo Fundo (Codepas). Desde 2011, o lixo produzido no município era destinado para a unidade de Minas do Leão, pertencente a mesma empresa. A mudança encurtou o caminho em cerca de 300 quilômetros e vai refletir diretamente no valor do transporte. Com uma população de 180 mil habitantes, o volume mensal de resíduos no município é 4 mil toneladas. O custo da destinação de R$ 600 mil deve cair para R$ 450 a R$ 500 mil dependendo da variação de volume. "É uma economia significativa. Um dinheiro a menos que a prefeitura terá de repassar para a Codepas", avalia, o presidente da Codepas, Tadeu Karzescki.
Diretor de desenvolvimento de negócios da CRVR, Leomyr Girondi, afirma que a construção de uma quinta unidade no Rio Grande do Sul faz parte dos planos de expensão da empresa. Como as demais estão instaladas nas regiões metropolitana, Vale do Rio Pardo, central e noroeste, segundo ele havia uma carencia na região norte do estado.
"O levantamento denominado de centro de massa apontou para essa região. Tínhamos três opções, as outras duas em Ernestina. Em Victor Graeff encontramos os requisitos necessários, como área disponível para aquisição, distância de cursos de água, da rede elétrica, e próximas do maior número de múncípio possível. Essa redução na distância representa economia para o município, que hoje estão administrando orçamentos escassos, sem perder a garantia ambiental", observou.
Ele explica que na unidade de Victor Graeff foi implementado inicialmente o módulo básico, voltado apenas para a destinação dos resíduos. Dentro de um prazo estimado de três anos, quando a quantidade de resíduo estiver em um volume maior, a empresa pretende instalar os equipamentos para geração de energia. O sistema será no mesmo molde existente desde 2015 na unidade de Minas do Leão. A energia é gerada através do biogás, resultado da decomposição dos rejeitos depositados. A unidade geradora tem uma potência de 8,5 MWh, podendo atender uma população de aproximadamente 100 mil habitantes.
Para o mesmo período de três anos, também deve iniciar um processo de separação dos resíduos, como em outras unidades. O modelo que será adotado em Victor Graeff ainda não está definido. Segundo, Girondi, também existe a previsão para o recebimento de outras classes de resíduos, como os hospitalares.
Processos
Recebendo resíduos de 50 municípios, o movimento de entrada e saída de caminhões acontece durante todo o dia na nova unidade. Em alguns momentos, chegam a formar filas. Eles passam pela balança de pesagem e seguem direto para a descarga no aterro sanitário. Para evitar contato do material com o solo, o terreno é compactado. Também recebeu drenos com pó de pedra e camadas de rochão (pedras maiores). A impermeabilização foi feita com uso de gel membrana e gel textil.
Todo o chorume, líquido escuro e de forte odor, que resulta dos processos biológicos, químicos e físicos da decomposição dos resíduos, que se acumula no aterro sanitário, é transferido, através de tubulações, para a chamada lagoa de armazenamento, ao lado. O material é coberto por uma gel membrana e entra no processo de hosmose reversa. De acordo com o supervisor da unidade, Dieméli Carvalho Tessele, até 75% do volume pode ser usado para regar planta, lavar carros, calçadas entre outros fins. O sistema de tratamento tem uma capacidade diaria de 80metros cúbicos.
Conforme Dieméli das quatro fases da unidade, apenas a primeira delas entrou em funcionamento. Para cada uma delas, a previsão de uso é de aproximadamente cinco anos. A CRVR poderá usar a área durante um período de 20 anos. Após o encerramento das operações, a empresa é responsável pela gestão e monitoramento do local, durante outros 20 anos. Após esse ciclo, ela é entregue à prefeitura de Victor Graeff. No prédio principal da unidade, um auditório equipado vai receber estudantes e comunidade em geral para apresentações de vídeos, exposições e palestras sobre o funcionamento da empresa, educação ambiental, e coleta seletiva.
Reciclagem
Para reduzir o volume de resíduos encaminhados para o aterro sanitário, uma das alternativas é investir na coleta seletiva. Em Passo Fundo, existem quatro cooperativas distribuídas pela periferia da cidade. Todas coordenadas pelo Projeto Transformação, uma iniciativa surgida em 2007: Recibela (usina de reciclagem), Coama, na vila Popular, Arevi, na Bom Jesus, e Cotraempo, na vila Donária. O trabalho inclui controle da produção, assessoramento, encontros intercooperativos, formação pontual com a diretoria dos grupos, elaboração de projetos para captação de recursos, entre outros.