O Presidente da República, Jair Bolsonaro, nomeou, por meio de decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU) na quinta-feira (29), o administrador e pastor Batista, Marcelo Recktenvald, para ocupar o cargo de Reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) durante o mandato que vigora pelos próximos quatro anos.
O professor universitário escolhido por Bolsonaro para a nova gestão, no entanto, figurou em terceiro lugar no processo eleitoral da instituição de ensino superior com 21,40% dos votos válidos. A porcentagem equivale a quatro votantes do Conselho Universitário (CONSUNI), formado por docentes, funcionários e estudantes da universidade. Na lista tríplice encaminhada pelo colegiado eleitoral ao Ministério da Educação (MEC), no dia 27 de junho, o então diretor do campus Erechim, Anderson Ribeiro, liderava a intenção de composição para ocupar a cadeira da Reitoria com 54,1% dos votos, obtidos na disputa de segundo turno. No CONSUNI, Ribeiro, que disputou o pleito tendo como vice a diretora do campus da UFFS em Chapecó, Lísia Regina Ferreira, foi escolhido por 26 eleitores.
Ao lado do vice-reitor e coordenador do curso de Agronomia do campus Erechim, Gismael Francisco Perin, Recktenvald fará a transição de cargo, neste sábado (31), substituindo o, até então, reitor em exercício, Jaime Giolo. Na quarta-feira (04), o novo gestor da UFFS será recebido pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub, em Brasília, para a oficialização da escolha presidencial. "É uma honra ser escolhido para nomeação. Durante a campanha, os outros candidatos tentaram vincular a nossa chapa ao governo por termos uma posição mais conservadora, uma pauta mais alinhada", mencionou Perin. Ele, porém, evitou uma posição afirmativa quando questionado sobre um possível critério ideológico na preferência bolsonarista pelos terceiros eleitos na consulta à comunidade acadêmica e não pelos indicados na primeira posição pelo colegiado. "Foi uma escolha do presidente. Legalmente é possível. Algumas pessoas analisam mais do ponto de vista ideológico, outras pelo lado técnico. O importante vai ser fazer uma gestão por competência", assinalou.
Comunidade acadêmica protesta
Com a nomeação por decreto dos dirigentes, estudantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó, fixaram faixas de tecido contra a posse da nova gestão administrativa, na sede universitária, por considerarem que houve uma intervenção do governo federal na definição das cadeiras regentes. Pelas redes sociais, alguns internautas também fizeram coro aos acadêmicos. "Pode ser legal, mas é ilegítimo", escreveu o presidente da Associação Brasileira de Ensino de Ciências Sociais (ABECS), Thiago Ingrassia Pereira.
Em nota oficial, divulgada no final da tarde de sexta-feira (30), o diretor da UFFS Campus Erechim manifestou "preocupação com a nomeação do reitor", tendo em vista a posição na qual Recktenvald e Perin foram lembrados na Consulta Prévia e Informal à Comunidade Universitária. "Tal entendimento sustenta-se no fato de que essa nomeação não representa o projeto democraticamente legitimado pela Comunidade Universitária da Instituição.", diz o comunicado. "Nesta oportunidade, aproveitamos para reafirmar nossos compromissos com a autonomia universitária e com os preceitos democráticos que devem orientar o projeto institucional da UFFS, tendo em vista o seu caráter público, popular e de qualidade", prossegue o manifesto oficial da direção, assinado pelo diretor do campus, Luís Fernando Santos Corrêa da Silva.
Vice-reitor nomeado, Perin afirma ver como "justo e legítimo" que os protestos e repúdios sejam publicamente expostos. "Queremos trazer a universidade para dentro da comunidade. A cidade ainda não a sentiu como sua", declarou.
Andifes pede que primeiro da lista tríplice comande universidades
Reitores das universidades públicas federais divulgaram nota oficial, ainda em janeiro, solicitando ao governo que escolha como dirigentes das instituições de ensino superior aqueles indicados em primeira posição pelo colegiado eleitoral nas listas tríplices elaboradas pelas instituições. Até 2023, as universidades públicas deverão passar por mudanças nas respectivas reitorias. “É essencial, então, afirmar publicamente a importância de serem conduzidos ao cargo de reitor ou reitora aqueles docentes autonomamente indicados no primeiro lugar pelo colégio eleitoral de suas respectivas universidades, sendo garantido assim um elemento definidor da democracia, que é o respeito à vontade da maioria”, diz em nota a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
Por lei, o reitor e o vice-reitor de universidades federais são nomeados pelo presidente da República, escolhidos dentre os indicados em listas tríplices elaboradas pelo colegiado máximo da instituição, ou por outro colegiado que o englobe, instituído especificamente para este fim. O receito dos reitores, conforme informações da Agência Brasil, é que questões de ideologia política sejam consideradas como critério para exclusão de nomes apontados pela comunidade universitária.
Campus Passo Fundo tem novo diretor
No dia 29 de julho, o médico e professor Julio César Stobbe substituiu o, então diretor à frente do cargo desde a abertura do Campus Passo Fundo da UFFS há 6 anos, Vanderlei de Oliveira Farias. Stobbe afirma que a principal meta é a manutenção do fluxo de alunos e a formação de profissionais qualificados, além do fortalecimento dos programas de Residência Médica da UFFS.