O relógio nem marcava 9h quando o monge zen Daihou, 大??o em japonês, estacionou o carro e iniciou a caminhada pela estrada, ainda de chão batido, ao encontro dos seis homens que, ao longe, já usavam as mãos para moldar as paredes do primeiro Templo Budista da região norte do estado.
O samuê negro— traje de trabalho para os monges — o protegia do sol forte que já incidia sobre a cabeça raspada do professor enquanto ele chegava para somar energia à construção idealizada desde o regresso da capital do Nepal, Kathmandu, onde permaneceu por alguns meses para o processo de monastério do Budismo, há dois anos. “Você já se ordena no início. No Budismo isso significa, um pouco, renúncia de interesses. Quando eu me ordeno monge, coloco como prioridade desenvolver trabalhos como esse [referindo-se ao templo], trabalhar com a comunidade. Eu renuncio aos meus interesses pessoais de carreira porque isso é uma forma de emular aquilo que o Buda histórico fez”, explica ele enquanto a voz serena é acompanhada pelo desaguar de um riacho que abre uma ligeira fenda na lateral do terreno em que os dois pavimentos de 15x7 m² estão sendo erguidos na cidade de Mato Castelhano.
Na sequência dos martelos erguidos por três construtores civis contratados pelo monge —que, em sala de aula, também atende pelo registro de nascimento, Daniel Confortin, quando interpelado pelos alunos do curso de Design Gráfico da Universidade de Passo Fundo (UPF) —, o permacultor Marcos Molz agita as pernas em movimentos ritmados para assegurar que a mistura de palha, areia e terra seja firme o bastante para sustentar as vigas de madeira do templo empregando a técnica de bioconstrução e o voluntariado como elementos essenciais para que o cronograma de obras esteja finalizado até janeiro de 2020, data na qual Daniel estima abrir as portas da localidade para os ritos semanais e retiros de final de semana cumpridos por cerca de 30 pessoas, das 50, que integram a comunidade budista de Passo Fundo. “É um material bem resistente. O barro nunca vai se degradar porque a terra sempre vai ser terra”, pondera Molz. Essa resistência assegurada por ele é fortalecida por bambus, tábuas de madeira e vidros que são incorporados à mistura feita, naquele momento, pelos pés do voluntário.
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