Em 21 de julho, Emanuele Alecsandra Beck positivou para Covid-19. Grávida, na espera de Enzo, precisou seguir os cuidados e orientações do isolamento. O pai, Rafael Jose Faccio, fez o exame depois, e também passou pela doença. Emanuele e esposo tiveram sintomas leves, mas não imaginavam que a interferência da doença seria de outra forma e também tão impactante. A mãe teve Bolsa rota, termo que se usa para a ruptura espontânea da bolsa amniótica, e no dia 01 de agosto, às 14h54min, Enzo veio ao mundo, com 33 semanas de gestação. O parto precisou ser realizado levando em conta todos os cuidados de segurança, pela mãe ter a Covid-19. Logo, ela não conseguiu pegar Enzo no colo e viu ele rapidamente, já que o pequeno precisou ir para a UTI Neonatal.
Na UTI Neonatal, Enzo ficou em isolamento e, como recomendam os protocolos do Ministério da Saúde, coletou o teste para o Coronavírus cinco dias após seu nascimento. Emanuele e Rafael, foram para casa, sem o filho nos braços. A saída da Maternidade não foi, nem de longe, o que estava nos planos dos dois. Ambos seguiram em isolamento por mais alguns dias. “Atender o Enzo foi um desafio para nós, profissionais da UTI Neonatal, pois, estamos frente a uma doença nova em que os conhecimentos tão surgindo ainda, em que não se sabe muito bem o que esperar. Além disso, no ambiente da UTI Neonatal, costumamos ter os pais como parceiros do tratamento, inclusive verbalizamos isso para eles, de que é muito importante a presença deles aqui na UTI, para recuperação do seu filho”, destaca a médica neonatologista Dra. Alessandra Belina, que acompanhou Enzo durante o período de internação na UTI. “No caso do Enzo, ele não podia ter os pais presentes, pois estavam em isolamento. Isso também foi um desafio, não conhecer a mãe do paciente, as informações eram passadas por telefone eu sentia que a Emanuele, a mãe da do Enzo, estava muito mexida com tudo isso, afinal de contas ela ganhou o filho e não pôde vê-lo, não pode pegá-lo no colo e teve que ficar esse tempo todo longe dele”.
Em Getúlio Vargas, cidade onde reside a família, eles recebiam as fotos e informações de Enzo por telefone. Todos dias a psicóloga da área maternoinfantil do HSVP, Débora Marchetti e a Dra. Alessandra entravam em contato com os pais para dar informações do pequeno. "Acompanhar os pais do Enzo Rafael a distância foi um desafio. Buscamos fazer com que sentissem a presença do filho através dos contatos telefônicos, fotos, vídeos, mensagem do Dia dos Pais, para amenizar a ausência física e a saudades que o isolamento necessário provocou. Todos os contatos eram muito intensos e envolveu muitos profissionais", relata Débora, ressaltando ainda que "acompanhar essa história com final feliz fortalece ainda mais o trabalho da equipe". Assim como Débora, Dra. Alessandra enalteceu também a felicidade de ver o paciente se recuperando rapidamente e indo para casa. “Foi muito diferente conhecer essa mãe, no dia da alta do paciente, mas, ao mesmo tempo foi gratificante porque, o Enzo se recuperou muito bem, e a Emanuele tenho certeza é uma mãe muito amorosa, pois percebemos isso em todos os dias, quando falávamos com ela e também no dia em que ela veio buscar ele aqui na CTI. Foi realmente muito gratificante”.
Cinco dias após o teste de Enzo dar positivo, ele precisou seguir em isolamento na UTI Neonatal. 13 dias após o seu nascimento, Enzo estava melhor e tinha condições de ir para o quarto, momento em que poderia receber a companhia do pai e da mãe. No final da manhã do dia 13 de agosto, os dois esperavam ansiosos e com lágrimas nos olhos, na porta da UTI Neonatal para conhecer o pequeno. Quando a equipe chegou com a incubadora transportando Enzo, os pais choraram, de alegria, de alívio, de medo e de amor, por estarem conhecendo pessoalmente o filho.
A família seguiu para o Posto 10, onde Enzo precisou ficar mais cinco dias internado. No quarto, mãe e pai, após 13 dias sem ver o pequeno, tiveram o primeiro toque, ofereceram o primeiro colo. A equipe toda se emocionou com o reencontro.
Hora de ir para casa
Na quarta-feira, 19 de agosto, Enzo recebeu alta dos médicos. As lágrimas de medo e incerteza da primeira ida para casa, dessa vez, eram lágrimas de alegria, de gratidão. "Estamos sem palavra, é maravilhoso esse sentimento de ir para casa com ele, foram 13 dias sem vê-lo, hoje sim, estou indo para casa. Para nós ele nasceu dia 13, porque antes não estava com a gente", relatam os pais.
O sentimento de gratidão dos pais, emocionou as equipes que cuidaram do Enzo. Os pais deixaram uma carta de agradecimentos e um mimo para os profissionais. "Sentimento de gratidão com toda equipe, eles não mediram esforços para que esse dia chegasse. Só temos a agradecer".
Covid-19: Sentir na pele a realidade
Sobre a pandemia da Covid-19 e seus efeitos, Emanuele e Rafael destacam que não imaginavam que a situação era tão grave, até não sentirem na pele a situação. "Isso tudo foi muito difícil. A verdade é que as vezes só entendemos quanto é complicado quando passamos, por isso, alertamos a importância dos cuidados. Ficar longe, o medo da doença e ele tão pequeno enfrentando", avaliam os pais. "A nossa felicidade é que tudo ficou bem, e o Enzo que já era muito esperado, é mais ainda agora, um sinal de luz e esperança de que dias melhores virão".