AEROPORTO REGIONAL: A obra que não decola

Desde 2013, sucessão de impasses retarda início das obras do Aeroporto de Passo Fundo

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Passo Fundo e região ainda aguardam pelo início das obras de melhorias no Aeroporto Lauro Kortz. Anunciada em 2013, a propalada reforma sequer iniciou. Entre anúncios, projetos, licitações e incontáveis trâmites burocráticos, sete anos se passaram e a obra permanece no papel. 

A reforma do aeroporto não decola e ganha espaço no anedotário popular. Os capítulos recentes da longa novela foram protagonizados pelo consórcio Traçado-Engelétrica, com um atraso na entrega do projeto, que, inicialmente, não estava de acordo com anteprojeto elaborado pelo estado. Assim, somente em 17 de agosto, o consórcio encaminhou um novo projeto à Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão. Agora, em mais um voo lento, está em análise pelo Governo do Estado e, depois, ainda será submetido ao parecer da Anac - Agência Nacional de Aviação Civil. 

Esse novo atraso já produziu muitas consequências, pois a incerteza operacional provocou a debandada de uma empresa aérea. Além, dos riscos pela falta de melhorias na pista e do desemprego de aeroportuários, os impasses dessa novela atingem em cheio a economia de Passo Fundo e de todo o Norte do RS.

Críticas pela demora

Encaminhado à Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão, pelo consórcio Traçado Engelétrica no dia 17 de agosto, o projeto de ampliação e modernização do terminal aeroportuário Lauro Kortz ainda está sendo analisado pelo governo do Estado antes de ser submetido ao parecer da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em Brasília. 

O atraso na entrega das readequações da proposta para estar em conformidade com o edital de contratação dos serviços, que já se arrasta por mais de um ano, segundo explicou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo, Carlos Eduardo Lopes da Silva, é atribuído à lentidão nos pareceres para liberar o início das obras. “Isso atrasou de forma radical. Trâmites que eu considero absurdos porque era apenas processos administrativos e burocráticos”, afirmou.  

Troca de material

O último embargo ao projeto final se deu pela troca de alguns materiais previstos para o revestimento na pista de pouso e decolagens do terminal aéreo. A pavimentação, conforme previa o anteprojeto, seria realizada com o uso de asfalto com polímero para conferir uma resistência prolongada à pista. A substituição deste material específico por outro sem o polímero, porém, inviabilizou um parecer favorável dos técnicos por considerarem que o projeto não seguia à risca a proposta inicial estabelecidas pelos órgãos de aviação civil. “Pelo cronograma de obras, que prevê 2 anos para a construção, já poderíamos estar com a pista remodelada e com as companhias voando a pleno, mesmo com a pandemia. Já teríamos retomado os voos”, avaliou o secretário, que criticou a demora do governo em analisar os documentos. “A gente lamenta a demora porque fomos proativos na candidatura para termos a verba para Passo Fundo e para que a cidade fosse contemplada. Fomos, inclusive, uma das primeiras cidades a apresentar um projeto”, disse. 

Mesmo com o comunicado da Azul Linhas Aéreas, que avalia uma retomada de operação das rotas domésticas ligando Passo Fundo ao centro do país apenas para o próximo ano, o secretário pondera que a demora em iniciar as obras no aeroporto pode causar “incômodo logístico e financeiro” para as empresas de aviação. “Estamos falando de um prejuízo regional para 1,2 milhão de pessoas que utilizam o modal aeroviário e na movimentação da economia que viria das pessoas que vêm a Passo Fundo para utilizar o terminal”, avaliou. “Com a ampliação de dois para cinco espaços de posicionamento das aeronaves, teremos ganhos em operações das companhias e com a ligação de novas rotas”, reiterou Silva. 

Até o fechamento desta edição, a Assessoria de Imprensa do Governo do Rio Grande do Sul não retornou o contato estabelecido pela reportagem do jornal O Nacional solicitando um posicionamento do governador, Eduardo Leite (PSDB), quanto à demora na liberação das obras. 


Azul estima retornar a Passo Fundo somente em fevereiro de 2021

A morosidade para o início das obras do Lauro Kortz impediu a Azul Linhas Aéreas de retomar as operações em Passo Fundo. Inicialmente por conta da pandemia, em 23 de março a empresa interrompeu os voos na ligação com Campinas. A retomada dos voos estava prevista para agosto, porém, diante da expectativa pelas obras na pista, foi cancelada. A Azul mantém restrições para o retorno a Passo Fundo, pois há preocupação com a indefinição relacionada às possíveis obras no aeroporto o que, certamente, determinaria um período de fechamento da pista. Com a demora para o início das obras no aeroporto de Passo Fundo pela empresa vencedora da licitação, a Azul planeja retomar suas operações na cidade apenas em fevereiro do ano que vem. A volta dos voos regulares da companhia, no entanto, permanece na dependência ao início da restauração do pavimento da pista ainda até novembro. Antes da pandemia, Passo Fundo respondia em média por três voos diários da Azul, que movimentavam cerca de 13.000 passageiros/mês.


Aguardando o recapeamento

A Azul, que mantinha frequências diárias entre os aeroportos Lauro Kortz e Viracopos, condiciona a volta das operações às prometidas melhorias na pista de Passo Fundo. “Quando em junho divulgamos nota condicionando nosso retorno ao início do projeto de recapeamento definitivo da pista, os primeiros passos foram dados, mas o projeto parou novamente. Hoje, por mais que seja o nosso desejo, voltar a voar em Passo Fundo não traz eficiência à nossa operação, já que retomaríamos as frequências e logo precisaríamos interrompê-las para as obras. Enquanto isso, infelizmente, os clientes ficam com opções mais limitadas de voo e apenas uma companhia operando no terminal, aumentando o preço dos bilhetes. Aguardamos ansiosos pelo início das obras e pela fidelidade ao calendário de reformas, para que possamos voltar à cidade no início do ano que vem, conectando o interior gaúcho a toda a malha nacional e internacional da Azul”, afirma Marcelo Bento Ribeiro, diretor de Relações Institucionais da Azul.

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