Presidente da Ampla vê dificuldades para retomada imediata das aulas presenciais

Para Marcos Oro é preciso uma tendência de queda mais acentuadas nos casos de Covid-19

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Mesmo com a possível confirmação da manutenção na bandeira laranja no Distanciamento Controlado do Estado, a ser definido nesta sexta-feira (2), a região de Passo Fundo pode não ter o retorno às aulas confirmado.

Em reunião ocorrida na última terça-feira (29), os prefeitos das 17 cidades da região, vinculados à Associação dos Municípios do Planalto Médio (Ampla), decidiram aguardar a classificação da nova bandeira. As autoridades municipais irão se reunir novamente na próxima semana para debater o tema.

Conforme o presidente da Ampla e Prefeito de David Canabarro, Marcos Oro, a avaliação do último encontro foi adiada devido à possibilidade de uma tendência de queda nos indicadores da pandemia do novo coronavírus na região. Entretanto, Oro destaca que atualmente, a decisão é unânime em não retornar com as aulas. “À princípio, a gente julga não ser o momento, porque tem várias questões pendentes. A gente precisa ver uma tendência de queda [dos números] mais acentuada para que essa possibilidade seja mais real”, afirma.


Dificuldades

Dentre as questões pendentes que Oro aponta, além dos fatores sanitários, estão o transporte escolar, a merenda, a segurança dos profissionais e alunos envolvidos, entre outras. Quanto a isso, ele indica que existem uma série de protocolos para que as escolas se habilitem a retomar suas atividades. “Elas teriam que cumprir os protocolos de transporte escolar, com 50% dos alunos, da merenda, para evitar o contato com os utensílios e alimentos por mais de uma pessoa, além de todos os cuidados com máscara, álcool em gel, higiene”, comenta. Além disso, municípios que não estiverem em bandeira por duas semanas, não poderão autorizar a retomada.


Pesquisa

Entretanto outro fator surgiu como complicador para o retorno imediato das atividades escolares presenciais: a decisão dos pais. De acordo com Marcos, foram realizadas pesquisas em todos os municípios da região, através das Secretarias de Educação, a respeito da decisão dos pais de mandar ou não seus filhos para a escola no momento. “Está entre 80% e 90% o índice de pais que não enviariam seus filhos para a aula agora. Então não tem sentido reabrir as escolas e retomar as aulas presenciais se os alunos não estarão lá”, expressa Oro.

Se em instituições privadas, o ensino remoto passou a ser amplamente adotado como uma solução para as atividades não serem totalmente interrompidas, na rede pública de ensino, nem todos possuem as mesmas condições de acompanhar as aulas. Na decisão por parte dos prefeitos, também entrou em consideração essas diferentes realidades presentes nas escolas públicas. “Estamos em uma comunidade plural, de diversas condições sociais e financeiras, diversas estruturas de escolas. Não ia ter uma uniformidade”, pontua. A ausência desta uniformidade foi um dos pontos levantados pela diretora da Faculdade de Educação (FAED) da Universidade de Passo Fundo (UPF), Adriana Dickel. “Isso cria uma diferenciação muito grande entre as crianças que continuam ligadas à escola e as que estão completamente desconectadas”, atesta.


Estudo

Adriana cita ainda um estudo recente da UNESCO, em que a organização constata que 52% da população de estudantes no mundo foram afetadas pelo fechamento das escolas, provocados pela pandemia. A porcentagem representa 850 milhões de estudantes, que se mantém parcial ou completamente desconectados da escola. “É um atraso que vai ser difícil de recuperar a curto prazo”, aponta Dickel. Para ela, no momento que houver um retorno às aulas, é fundamental que haja um planejamento para garantir a proteção dos envolvidos e qualidade do trabalho aplicado.

Havendo a proteção, Dickel ressalta os benefícios gerados pelo regresso dos alunos às atividades escolares. “Os pontos positivos são fundamentalmente a volta das crianças ao mundo da escola, das relações com crianças e conhecimento. É a volta para aquela atividade que faz com que elas se desenvolvam cognitiva e socialmente”, conclui.


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