Após uma safra desastrosa, no ano passado, ocasionada pelos severos danos da estiagem nas propriedades rurais, a colheita de soja na região de Passo Fundo avança em mais de 70% das áreas plantadas. Embora o cronograma tenha iniciado com alguns dias de atraso, o progresso nas lavouras colhidas injeta ânimo nos produtores por ser um ano de recuperação no principal cultivo de verão.
A projeção, segundo explicou o gerente regional da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, Oriberto Adami, é colher em torno de 3,8 toneladas por hectare ao término dos trabalhos, que devem durar mais uma semana. “Não dá nem para considerar uma estiagem neste ano. Havia uma estimativa que superaria. Ficou um pouquinho abaixo, mas é uma safra normal”, afirmou o engenheiro agrônomo. Superada apenas pela safra de 2017, a colheita de soja neste ano é impulsionada pela rentabilidade das sacas, cujo preço dobrou em relação ao praticado em 2020. Na segunda-feira (12), a cotação do grão bateu os R$ 164 reais a saca de 60kg, de acordo com a Cotrijal. “É um ano perfeito”, celebrou Adami.
Escoamento
Mesmo que em algumas áreas a colheita já esteja mais adiantada, como em Carazinho que “começa a colher antes”, segundo explicou o gerente regional da Emater, o atraso em determinadas regiões gaúchas, em decorrência do plantio tardios nos meses de outubro e novembro, preocupa algumas empresas que fazem o escoamento da produção, cujo temor é de um possível congestionamento nos portos do Estado.
Isso, contudo, não deve prejudicar os ganhos do produtor rural, como enfatizou Adami. “Na nossa região, não há problemas na armazenagem. As cooperativas e cerealistas têm uma estrutura muito boa e modernizada para a descarga da soja”, frisou.
Avanço no RS
Favorecida pelos dias ensolarados, a colheita de soja avança também nas outras áreas produtivas do Rio Grande do Sul. De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado na quinta-feira (08) pela Emater/RS-Ascar, as zonas colhidas no Estado atingiram 12 pontos percentuais apenas na última semana, mantendo a produtividade esperada pelos agricultores.
Na região de Ijuí, as lavouras da oleaginosa estão em maturação e a colheita foi intensa entre os dias 30 de março e 04 de abril, chegando a 40% da área, conforme o detalhamento da instituição vinculada à Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). As produtividades alcançadas são superiores às expectativas iniciais, estando em 3.780 quilos por hectare. Segundo os técnicos da Emater, há grande variabilidade no peso final dos grãos entre as lavouras cultivadas com a mesma cultivar, reflexo da interação entre o nível de tecnologia adotado e o regime de chuvas durante o ciclo da cultura.
O levantamento semanal identificou, ainda, o preço médio da soja em elevação, passando de R$ 162,57 para R$ 164,55 a saca, representando um incremento de 1,22%. “O mercado apresentou estabilidade nas cotações até meados da semana, mas tal fato mudou para uma alta na quinta-feira (01), devido à publicação do mais recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informando o não atingimento da previsão feita por analistas do setor para a área destinada à semeadura de soja no país da América do Norte, devendo impactar nos estoques e aumentando as cotações para contratos futuros”, justificou o boletim técnico.