Mesmo com um rendimento maior em relação aos últimos dois anos, a safra de pinhão em 2021 deve ficar em torno de 40% abaixo da média histórica no Rio Grande do Sul, que é de 800 toneladas. A previsão é coletar aproximadamente 500 toneladas. O início da colheita e comercialização está autorizada desde o último dia 15, conforme portaria do Ibama.
Segundo Ilvandro Barreto de Melo, engenheiro agrônomo Emater/RS-Ascar Regional Passo Fundo, três fatores contribuem diretamente para uma boa safra. Uma delas está relacionada com a polinização. “ Uma pinha leva em média de dois anos e meio, até três anos para se formar completamente. Portanto, fica muito tempo exposta às variações climáticas. Quando ocorre muito vento e pouca chuva, o pólen pega altura e passa sobre as copas das araucárias. Quando chove muito, ele fica pesado e não atinge a altura necessária. É preciso condições adequadas para uma boa polinização”, explica o agrônomo.
Como segundo aspecto, Ilvandro aponta a frutificação. As estiagens de 2018 e 2019 provocaram grandes estragos na frutificação das pinhas. A combinação de altas temperaturas com pouca chuva no verão de 2021 acabou refletindo na quebra da safra. “Este ano os pinhões estão menores porque tiveram dificuldade em completar o ciclo de maturação. Também houve muito abortamento de pinhas em razão do calor. Isso contribui para uma safra abaixo do volume considerado normal”, afirma.
O terceiro fator, que contribuiu de maneira positiva para o aumento da safra deste ano, é a recuperação fisiológica das araucárias. “Como não há um sistema de manejo, não tem adubação, as árvores precisam de um descanso fisiológico de recuperação. Por isso, passam uma ou duas safras com a produção reduzida. Este ano apresentam condições de recuperação”, afirma.
A expectativa de aumento na colheita já reflete na redução no preço do produto. O quilo do pinhão, que chegou a custar até R$ 17 para o consumidor, em anos anteriores, está sendo vendido na faixa de R$ 8 a R$ 10.
Maior oferta
Com uma banca de frutas instalada às margens da RS 234, saída para Pontão, Carlos Braga, 52 anos, conhecido por Baiano, diz que a procura pelo produto ainda é pouca, mas a tendência é aumentar com a chegada do frio. Com uma maior oferta nesta safra, ele está cauteloso. “Cheguei a comprar 100 toneladas no Paraná no ano passado. Havia uma escassez, o preço estava alto. Este ano acontece o contrário. Mais produto e preço menor”, compara.