Um grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (PPGH/UPF) realizou o mapeamento de sítios arqueológicos em 12 cidades da região, destacando locais que ainda não haviam sido registrados pelos órgãos oficiais. Com isso, os pesquisadores encontraram estações históricas em municípios como Passo Fundo, Mato Castelhano, Casca, Marau, Vila Maria, Sertão, Tapejara, Gentil, Camargo, Ronda Alta, Ernestina e Caseiros.
Mesmo que, desde 2015, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem utilizado uma ferramenta de georreferenciamento de sítios arqueológicos e empreendimentos em processo de licenciamento, o trabalho liderado pelo arqueólogo e professor da UPF, Fabricio Nazzari Vicroski, faz frente à desatualização da base de dados do Instituto, cuja última grande atualização do Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA/Iphan) ocorreu na década de 1990. “A principal contribuição se dá no georreferenciamento de sítios arqueológicos até então desconhecidos ou não cadastrados junto à instituição. Ou seja, além dos sítios já conhecidos, o mapeamento aponta ocorrências que não integram qualquer banco de dados municipal, estadual ou nacional”, explica o docente.
O levantamento dessas informações, esclarece Vicroski, é realizado por meio de pesquisas bibliográficas e pesquisa de campo e parte dos dados é coletada por estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação em História. “Eles percorrem seus municípios de origem, entrevistam moradores e coletam as informações que serão inseridas na plataforma e, posteriormente, encaminhadas ao Iphan”, conta. “Essa contribuição é de extrema importância, pois conta com o envolvimento da comunidade, sem o qual essas informações dificilmente chegariam ao Iphan, pois em geral não há processos de licenciamento nesses locais”, lembra o pesquisador.
Patrimônios científicos e de desenvolvimento
Protegidos por lei, os sítios arqueológicos mapeados pelos pesquisadores da UPF são considerados bens da União. As descobertas destes locais, conta o professor, ocorre na maior parte das vezes no âmbito de obras de engenharia para a construção de empreendimentos diversos, como rodovias, hidrelétricas, loteamentos, parques eólicos e linhas de transmissão de energia.
Contudo, a pesquisa arqueológica integra os estudos de licenciamento ambiental desses empreendimentos. Segundo Vicroski, raramente os empreendedores e os órgãos públicos têm o conhecimento prévio sobre a presença de sítios arqueológicos nos locais a serem licenciados, o que ressalta a necessidade de uma plataforma que congregue essas informações. “É fundamental para que se possa conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação do patrimônio arqueológico, auxiliando assim na mitigação de eventuais impactos e na redução de custos envolvidos no processo”, pontua.
O atual território do Rio Grande do Sul apresenta um histórico de ocupação humana de quase 13 mil anos, diz o arqueólogo, onde a ocupação da região do Planalto Médio insere-se nesse contexto. “Havia uma grande diversidade étnica, cultural e linguística. Cada povo adotava diferentes estratégias de interação e exploração dos recursos ambientais. A pesquisa arqueológica nos ajuda a compreender os distintos processos de ocupação territorial e os fenômenos históricos de longa duração a eles atrelados, cujos reflexos, por sua vez, estão presentes na sociedade atual”, comenta Vicroski.